o Bob esteve com a gente nos últimos cinco anos. ele chegou no finzinho de 2010, passou os últimos 6 meses na nossa casa de sampa e veio pro ABC conosco. se adaptou bem às duas casas. sempre gostou mais do meu pai. e, por tanto gostar do meu pai, vivia no pé dele. e aí, por gostar do meu pai e viver no pé dele, foi atropelado quando tinha menos de um ano.
a veterinária que o examinou disse que a costela quebrada tinha perfurado o pulmão e ele morreria em três dias. ele viveu mais quatro anos depois disso.
mas aí, subitamente, dois meses atrás, ele começou a parar de andar. os olhos começaram e esmaecer e ele ficou cego. e aí um dia ele parou de respirar. do nada. e a gente ficou muito, muito, muito triste.
e concordamos que nunca teríamos outro cachorro para substituí-lo. porque o bob era o mais fofo que pode-se imaginar. ele não entrava na cozinha enquanto cozinhávamos e só passava por lá pra chegar na comida dele. dormia na caminha e nunca reclamou da luz da tv enquanto eu assistia seriados e ele tava tentando dormir. ele roncava e se assustava com os próprios sonhos (aparentemente). ele pulava na gente e lambia nossos calcanhares quando tinha feito coisa errada.
ele raramente fazia coisa errada. gostava muito de pizza: abanava o rabinho e ficava numa frenesi louca quando ouvia o motoqueiro.
ele morreu na segunda-feira. na sexta, a gente pediu pizza. o silêncio doeu em todo mundo.
a semana foi vazia, silenciosa, insuportavelmente calma. insuportavelmente comum. não tinha lambida no calcanhar, não tinha barulho de pote de comida, não tinha barulho de ração. não tinha ninguém protegendo a porta enquanto a gente comia. não tinha barulho de ronco enquanto eu assistia doctor who.
só que aí apareceu um filhotinho de meros dois meses aqui em casa, pedindo pra ser adotado, cuidado e amado. ele já veio nomeado: bob.
a gente tentou. mas olhar pr'aquela bolinha de pêlos branca, tão pequenininha, nos fazia lembrar o quanto nossa bolona de pêlos branca, gigante e gorda, nos fazia falta. e agora a gente o chama de branco. e a gente torce pra que o branco nunca ocupe o lugar do bob, mas seja uma companhia tão boa quanto.
porque cachorro lambe nossa cara e sabe quando a gente tá bem e quando não tá. porque cachorros são amáveis e fiéis. e o branco é uma oportunidade nova de alegrar nossa vida com amor e fidelidade, que, às vezes, falta em grande escala.
que bom que o branco, lindo, tá aqui, dormindo pertinho de mim pra aprender a roncar que nem o bob. mas nunca, nunca, nunca, nunca vai ser o bob.
porque o branco gosta de doctor who e só dorme depois que eu desligo a tv. e ele entra na cozinha e se esconde debaixo da pia. e não gosta de ficar sozinho e tem latido de bebê. e ele é lindo. e abrilhante e embeleza a vida.
e eu precisava mesmo de uma bola peluda pra deixar tudo mais bonito.
<3
a veterinária que o examinou disse que a costela quebrada tinha perfurado o pulmão e ele morreria em três dias. ele viveu mais quatro anos depois disso.
mas aí, subitamente, dois meses atrás, ele começou a parar de andar. os olhos começaram e esmaecer e ele ficou cego. e aí um dia ele parou de respirar. do nada. e a gente ficou muito, muito, muito triste.
e concordamos que nunca teríamos outro cachorro para substituí-lo. porque o bob era o mais fofo que pode-se imaginar. ele não entrava na cozinha enquanto cozinhávamos e só passava por lá pra chegar na comida dele. dormia na caminha e nunca reclamou da luz da tv enquanto eu assistia seriados e ele tava tentando dormir. ele roncava e se assustava com os próprios sonhos (aparentemente). ele pulava na gente e lambia nossos calcanhares quando tinha feito coisa errada.
ele raramente fazia coisa errada. gostava muito de pizza: abanava o rabinho e ficava numa frenesi louca quando ouvia o motoqueiro.
ele morreu na segunda-feira. na sexta, a gente pediu pizza. o silêncio doeu em todo mundo.
a semana foi vazia, silenciosa, insuportavelmente calma. insuportavelmente comum. não tinha lambida no calcanhar, não tinha barulho de pote de comida, não tinha barulho de ração. não tinha ninguém protegendo a porta enquanto a gente comia. não tinha barulho de ronco enquanto eu assistia doctor who.
só que aí apareceu um filhotinho de meros dois meses aqui em casa, pedindo pra ser adotado, cuidado e amado. ele já veio nomeado: bob.
a gente tentou. mas olhar pr'aquela bolinha de pêlos branca, tão pequenininha, nos fazia lembrar o quanto nossa bolona de pêlos branca, gigante e gorda, nos fazia falta. e agora a gente o chama de branco. e a gente torce pra que o branco nunca ocupe o lugar do bob, mas seja uma companhia tão boa quanto.
porque cachorro lambe nossa cara e sabe quando a gente tá bem e quando não tá. porque cachorros são amáveis e fiéis. e o branco é uma oportunidade nova de alegrar nossa vida com amor e fidelidade, que, às vezes, falta em grande escala.
que bom que o branco, lindo, tá aqui, dormindo pertinho de mim pra aprender a roncar que nem o bob. mas nunca, nunca, nunca, nunca vai ser o bob.
porque o branco gosta de doctor who e só dorme depois que eu desligo a tv. e ele entra na cozinha e se esconde debaixo da pia. e não gosta de ficar sozinho e tem latido de bebê. e ele é lindo. e abrilhante e embeleza a vida.
e eu precisava mesmo de uma bola peluda pra deixar tudo mais bonito.
<3