colorir é se alegrar
5:27 AMquando pensei em escrever algo para o blog, que não escrevo já faz um tempo, pensei naquele texto do caio que começa assim: "Hoje quero escrever qualquer coisa tão iluminada e otimista que, logo depois de ler, você sinta como uma descarga de adrenalina por todo o corpo, uma urgência inadiável de ser feliz. Ser feliz agora, já, imediatamente. E saia correndo para dar aquele telefonema, marcar um encontro, armar um jantar, quem sabe um beijo; para comprar aquela passagem de avião, embarcar hoje mesmo para Nova York, Paris, Hononulu. Tão revigorado e seguro – depois de me ler – que nada, absolutamente nada, dará errado: ela (ou ele) atenderá com prazer (em todos os sentidos) ao seu chamado, haverá saldo no banco para a passagem e muitos dólares. Tudo se organizará rápida e meio magicamente, como se todos os astros e todos os deuses só esperassem por um momento seu para derramar sobre sua cabeça, digamos, uma cornucópia de bem-venturanças."
tô feliz, hoje. acordei assim. acordei num pulo, botei roupa colorida, meu mocassim da felicidade, prendi o cabelo num coque e tomei uma xícara de café enorme. enchi mais uma vez e corri pra pegar meu caderno. escrevi. frases como "dias de felicidade são como xícaras de café: precisam ser aproveitadas e sempre repostas", "gosto de estar feliz, estar feliz me faz feliz" e coisas sempre positivas que soam piegas. são piegas. não que eu me importe, é claro.
essa felicidade toda vem do que?, você deve estar se perguntando. eu também não sei. felicidade assim é de se explodir, de não caber mais em si mesmo e precisar se explodir em cores, formas, letras, rostos, expressões, personagens, vozes, sons. em arte. nas minhas veias corre algo que me diz: a arte te descreve. li no muro dia desses "quem respira arte, oxigena a alma". amém. quero minha alma oxigenada, cheia de cor, bonita, alegre! arte alegra. arte embonita. arte é tudo aquilo o que te descreve sem ser você mesmo, sempre disse isso. tive uma professora de artes, uma vez, que me enfiou um trabalho de desenho. eu odiava desenhar. não sabia, não saia, não conseguia. e aí eu disse assim pra ela: tudo é arte. se eu batucar as chaves no meu bolso e isso me fizer um som bom, então é arte. e meu batucar de chaves será meu tipo de arte. por que você quer me enquadrar do seu tipo?
ela disse que não era bem assim. nunca gostei dela.
gosto da arte que tô hoje: arte que me permite dançar horrivelmente pelo quarto sem precisar explicar porquês. me permite ser assim, mesmo, e não ter problema nisso, até porque arte não se justifica, se admira, se junta, mas não se justifica: se sente. felicidade também não.
acho que a arte e a felicidade são coisas bonitas e juntas, até porque a arte vem de extremos. felicidade, infelicidade. a infelicidade exposta na arte transporta o artista à lugares inimagináveis e tão fora de série que, Deus meu, como pode um lugar desses existir só na minha cabeça?
dias bons são dias assim, em que expressa tudo isso, que vem de dentro, em coisas que os outros talvez não entendam.
colorir, pular, dançar, se expressar sem se reprimir: coisas bonitas, coisas alegres, coisas de artear. uso muito este termo: artear. acho importante.
artear é se transformar, se reintegrar, se conhecer, entregar-se a si mesmo e procurar-se em um bilhão de coisas mais. artear é a vontade, o desejo, a diferença, a força, a expressão.
artear deveria ser verbo. verbo de ação.
pra mim, é.
e pra você?
texto escrito assim, em negrito, sem querer. mas até ficou mais bonito, porque é tudo muito importante. viver a arte é importante. viver bem também. é preciso ter destaque. e teve :-)
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