Gosto de tirar o pijama todo dia quando eu acordo, só pra eu lembrar que um novo dia começou e que tudo o que aconteceu antes d'eu dormir passou. Gosto de fazer o café que tomo todos os dias de manhã, pro aroma que sai do coador ir me acordando aos poucos e me fazendo sorrir desde o início do dia. Gosto de tomar banho depois do café quente, pra água bater na nuca, escorrer até o calcanhar, se juntar a tudo o que é ruim e ir embora pelo ralo. Gosto de ler coisas boas, assistir coisas boas e ouvir coisas boas durante pelo menos uma hora todos os dias antes de começar a viver, pra poder encher a cabeça de bondade e amor antes de enfrentar todo o resto do mundo. Gosto de desejar um bom dia com toda a animação do mundo para quem passa por mim, pra lembrá-los de que, apesar do tempo, da cidade, do lugar, do emprego (essas desculpas que sempre usamos), o dia ainda pode ser bom. Gosto de aprender pelo menos uma coisa nova dos lugares mais inusitados todos os dias, pra lembrar que devo ouvir a todos e a tudo, absorvendo toda informação que posso. Gosto de dançar pelo menos uma vez ao dia, mesmo que dentro do quarto, pra lembrar que meu corpo expressa aquilo o que eu ouço, vejo e sou; e, por isso, devo ouvir, ver e ser coisas boas. Gosto de escrever no meu diário todos os dias, para que, ao relê-lo, eu encontre as decepções e as quedas, mas lembre-me dos momentos alegres que tive. Gosto de quando esses momentos bons são maioria. E, olha, ultimamente têm sido.