mulher elástica não vira barbante
1:34 PM
Li um poema no qual a autora dizia não
poder namorar homens pequenos: precisa se esticar. Camilla, minha cara, eu também não
posso. E não digo de tamanho. Acho que você também não o fez.
Minha alma é
grande. Enorme. E não posso namorar homens de alma pequena. Imagine só você que
terror seria, ao acordar, encontrar ao seu lado alguém com quem não se pode
dividir um sonho: a alma pequena não entende sonhos de almas grandes. A loucura
só é bem quista e bem vista por aqueles que também a tem, não?
E se homens
de alma pequena não entendem mulheres de alma grande, eles não namoram, pois
suas almas nunca se enamorarão. Jamais!
Veja bem, quando
você está ao lado de quem ama, o que conta é o formato do nariz ou saber o que
dizer? Pessoas de alma boa sabem o que dizer e, que fique claro, você só gosta
do que dizem, porque condiz com as suas verdades e vontades. E enquanto sua
alma e a do amado condizem, permanecem juntos e em sintonia – mesmo que em meio
a tempestades.
Dadas essas
considerações, não vejo razões para me afeiçoar por homens pequenos. Não posso.
Homens pequenos com suas almas pequenas costumam ocupar mais espaço do que
homens grandes. Porque homens pequenos são invasivos e invasores, enquanto
homens grandes são complementos e complementares. Consegue ver a diferença?
É claro que
não se trata de fisionomia – até porque a beleza só é importante até a
primeira piada -, porém adentrar o universo de um homem pequeno é como adentrar
o universo de um anão: é o mesmo que o seu, enxergado de outro ponto de vista.
A questão (já
respondida) é que para olhar pelo ponto de vista de um homem pequeno você
precisa diminuir e, neste mesmo poema, a autora diz – e concordo! – que é uma
mulher elástica e elásticos não encolhem. Encolhem? Veja bem: precisamos nos
esticar, lembra?
Homens
pequenos são invasivos em meio à mulheres elásticas. Elásticos devem permanecer
juntos para que estiquem juntos e se mantenham juntos. Homens grandes – se estáticos
– também atrapalham a elasticidade de uma mulher em mobilidade constante.
Por vezes,
mulheres elásticas tendem a estarem sozinhas. Não se engane: não é sinônimo de
tristeza, mas de coragem e posicionamento. Eu, como mulher em constante
mobilidade, priorizo meu crescimento e o direito de me esticar à possibilidade
de me juntar a um homem estático. Por vezes, estar só é sinônimo de ir mais a
frente do que eu poderia ir com um homem grande.
Creio eu que estar
só nem sempre é uma derrota. Para mim é, sobretudo, uma escolha. Escolho estar
só até que encontre um homem elástico com quem eu possa me esticar ou não. Juntar-me
à uma alma à qual a minha não enamorará é pedir para estatizar uma mulher
elástica. Elásticos estatizados deixam de ser elásticos: passam a ser
barbantes, que deixam de ser úteis por perderem sua mobilidade.
Entendeu?
O poema, aqui. (Li no blog da Juliana Gervason, essa lindissíssissima, que tem um canal lá no YouTube, onde fala de Literatura e vale tão a pena que dá até dó de quem não conhece!)
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