Eu sempre achei que a gente ia acabar casando. Num domingo, num lugar aberto, com todas as pessoas que a gente ama por perto, sorrindo, dizendo: "Eu sempre soube!". Minha cabeça nunca me deixou desconsiderar a ideia de que você era quem ficaria comigo até o fim. Talvez esta tenha sido a razão pela qual nunca procurei amores: acreditei piamente que a gente acabaria casando no fim da história.

No começo, achei que a gente seria aquele tipo de casal que todo mundo quer ser igual. Que mesmo depois de quase vinte anos juntos ainda são insuportavelmente amáveis um com o outro. Eu achava que a gente ia conseguir ficar um ao lado do outro até nos momentos mais estranhos, quando eu estivesse no ápice do mau humor - ou você estivesse só sendo você.

Depois, passei a achar que seríamos do tipo "junto, tapa e beijo; separado, amor e acômodo". Do tipo de casal que pode viver separado, mas opta por estar junto, justamente porque é bom. Comecei a enxergar que a gente podia ser feliz pra caramba.

A gente era tão engraçado, feliz e compreensivo. A gente se via e se entendia nos detalhes que ninguém mais vê. Quando tava tudo difuso, a nitidez vinha do calor do teu abraço. Do teu, necessariamente. E é por isso que eu achei que a gente ia acabar junto.

Tudo na nossa história disse que a gente ia terminar começando algo novo e só nosso. E aí a gente ia ficar junto sempre.

'Cê mudou o percurso e eu nunca pude saber se isso podia acontecer de verdade. Hoje só fico aqui, montando histórias do que a gente podia ter sido e do que podia ter acontecido; e sentindo sua falta todos os dias - necessariamente.

Mesmo que 'cê não possa ler e que seja completamente inútil, deixo aqui registrado para lembranças futuras: cara, eu sempre achei que a gente ia acabar casando.