PONTE
12:16 PM
Eu não sei se é bem aqui que eu deveria escrever isso. Na real, eu não sei nem se deveria escrever isso em algum lugar. E sei lá o que "isso" é. Tô afim de escrever.
Tô afim de muita coisa ultimamente. Tô afim de sorvete de flocos com trakinas de morango, coberto com calda de caramelo. De abraçar apertado e dormir; de socar muito alguma coisa qualquer; de salvar alguém, ou o mundo inteiro. Disseram que isso é uma doença, chama Síndrome de Messias. Gente que quer salvar o mundo inteiro.
Aí eu parei pra me perguntar: será mesmo que eu quero salvar o mundo inteiro? Acho que o mundo inteiro implica em muita gente. Não tem uma coisa menor? Sei lá, a Síndrome de Salvar Uma Parte Do Mundo Inteiro? Soaria melhor, caberia melhor em mim.
Porque eu sou meio assim, mesmo. Meio "uma parte", meio "metade". Sou meio muita coisa... E esse meio muita coisa juntou numa coisa maior. Gosto de juntar.
Gosto de chocolate, de banana melecada de caramelo, de moletom, de calça jeans largona, de chinelo de dedo, de café - muito café! Fervendo ou congelando, por favor -, de música popular brasileira, de cheiros, de sabores, de inovar, de escrever. Fora que gosto também de tomar banho, de sair correndo, de não avisar ninguém, de ser sozinha, de estar com um monte de gente. Na verdade mesmo, eu gosto é de gente.
Eu só não gosto de gente que reclama demais.
De reclamona, basta eu.
De reclamona, basta eu.
Ah, falando em reclamar. Eu tava pensando esses dias "será que eu consigo passar um dia inteiro sem reclamar?". Tenho essa mania de ficar me desafiando a fazer coisas que eu sei que não vou conseguir fazer - esses dias me desafiei a passar mais de quarenta minutos na mesma posição enquanto assistia House. Não devo ter durado uns vinte segundos. Acabou a introdução do episódio e eu já tinha levantado, sentado na cadeira e apoiado os pés na mesa. Depois, saí da cadeira, desapoiei os pés, pulei na cama e sentei em pernas de índio. Daí eu estiquei as pernas e coloquei as mãos debaixo do travesseiro. Terminei o episódio com os pés na cadeira, quatro travesseiros, no meio da cama e com uma menina meio desenhada. Sou inquieta.
Eu tava falando de reclamar, né? Então, apostei comigo mesma que conseguiria passar o dia inteiro sem reclamar. Assim que saí de casa, reclamei que tava frio. Daí cheguei no colégio e reclamei que a professora tava demorando demais. Reclamei do preço do pão de queijo, que o café tava fraco, que a bala não tava ardida o suficiente, que o banheiro fedia, que a sala era barulhenta demais, que o iPod não era alto o bastante e que a sala de estudos não era silenciosa como deveria ser. Reclamei da cor da blusa da tia que marca reposição, reclamei que reclamaram que eu reclamo demais.
É, acho que eu reclamo demais mesmo. Por isso não gosto de gente reclamona. Já reclamo por mim e por mais metade do mundo. E as vezes é sem razão. Reclamo mais porque gosto de reclamar. Acho que faz parte da minha essência e, quem sabe, eu não possa colocar isso posteriormente no meu currículo.
Giovanna Marques, nascida em São Paulo, formada no curso de Administração, reclamona de quarto grau.
Vão me admitir como professora, como tia velha que deixa marca de batom ou como recepcionista de hotel. Eu sou meio assim mesmo, sou meio atraída por ensinar, meio atraída por marcar as pessoas de batom ou de ficar sorridente demais de vez em quando.
Sou mais meio, sou um monte de metades.
Meio lá, meio cá, meio assim, meio assado...
Nem sei mais o que eu tô falando. Mas eu sou meio assim mesmo, eu tava com vontade, vim e fiz. Agora tá aqui.
Tá meio bom, meio ruim, meio confuso. Uma baderna.
E tô meio falante, também. Acho que é porque eu tô sem meu computador, daí eu preciso de um lugar pra escrever e não confio o suficiente nesses computadores que eu tô usando pra entrar no meu tumblr e escrever lá.
Deve ser isso... SEI LÁ!
Essa é a minha maior característica: na maior parte do tempo, eu não tenho certeza de nada.
Deve ser isso... SEI LÁ!
Essa é a minha maior característica: na maior parte do tempo, eu não tenho certeza de nada.
0 comentários