diário de gratidão #9 - boas surpresas

5:27 PM

Pra começar esse diário de gratidão que, honestamente, está sendo escrito no domingo (porque essa semana está propensa a um grande número de reclamações), devo dizer: ouçam esta música. Prestem atenção na letra, nas entrelinhas, na alegria da platéia e na energia que ela transmite. E apenas então continuem lendo.


Camarada, viva a vida mais leve
Não deixe que ela escorregue e te cause mais dor
E amanheça brilhando mais forte 
Que a estrela do norte que a noite entregou


Nessa última sexta-feira, dia 06 de Dezembro de 2013, fui ao último show d'O Teatro Mágico que espero ir este ano. Digo "espero" porque, só em 2013, fui em três shows da trupe - o que significa que fui ao show de sexta-feira sabendo até a setlist. Mas fui. Fui, porque tem hora que o coração começa a gritar por um pouco mais de arte, cor e vida. E quando o coração pede, tudo o que podemos fazer é obedecer. E obedeci com gosto, porque amo O Teatro Mágico, mesmo já tendo decorado a setlist.

Este foi o primeiro show deles pelo qual paguei pra entrar (a vida anda dura, cê sabe, né. Evento beneficente e com entrada por alimento é o que tá teno). E falei para meu amigo (que me acompanha em todos os shows) que "esse show tem que valer os quarenta e dois e vinte e cinco centavos que paguei"! Quer saber? Valeu o triplo. O quádruplo. E me senti uma imbecil por ter comparado sentimentos com valores. 

Por que, Gi?

Bem, primeiro que eu não sabia a setlist. A segunda música já me surpreendeu. (Apesar d'eu ter gritado muito [muito!] com a primeira música de todos os shows, que diz que todos devemos "SEEEEEEEEEEMEAAAAAAAAAAAAR O AMOOOOOOOR!" que eram, inclusive, os dizeres da minha camiseta!) 

E do nada, no meio do show, Fernando Anitelli (o grande!) pára e toca UMA PARTE QUE NÃO TINHA. Aquela mesma música que me fez chorar em meados de 2008. Aquela, que me uniu à uma prima com quem nunca havia tido contato. Aquela prima que, depois de passar quatro anos tomando sorvete com leite condensado comigo nos finais de ano, se converteu à ideologia rastafari e saiu de casa. Hoje não toma mais sorvete comigo. Hoje, tem um filho: uma parte que não tinha. 

Do nada, no meio do show, o incrível Fernando Anitelli canta "Criado Mudo". Aquela que tá escrita na minha parede. E, depois, "Sina Nossa". Aquela que me fez chorar.

E se isso ainda não te convenceu do porquê d'eu ter sido uma imbecil de ter comparado valores com sentimentos, digo mais:

Porque vejo nos olhos vermelhos (aquela maquiagem deve arder pakas!) do Anitelli o sonho que ele construiu. A platéia compartilha da música livre, do pensamento livre, da vida livre. O povo não liga se erra a letra (e se errar, a gente canta errado também!), o povo não liga se muda o ritmo. A gente pula com groove, pula com voz e violão, fica quietinho nas músicas que quase não tem instrumento, inventa dança pra música que não tem dança. O público se sente parte d'O Teatro Mágico e eu enxergo isso nos olhos do Fernando, durante os shows.

Minhas pernas, na saída do Espaço Lux, pediam arrego. Pediam pra eu parar, sentar, tomar dois litros d'água e dormir por doze horas seguidas. No mínimo. 

Em contrapartida, meu coração estava alegre, como sempre fica depois de um show d'O Teatro Mágico. Como fica quando algo é muito bom, nos mínimos detalhes, e emociona. Cada milímetro do meu corpo estava plenamente imerso numa felicidade sem tamanho, que havia sido causada pela delicadeza da grooveria do Serginho Carvalho. Pela precisão dos acordes do grandessíssimo Daniel Santiago. Pela lindeza do violino do Galllllllllldino. Pelos batuques certeiros do Rafa dos Santos. Pelas tecladas do Guilherme Ribeiro. Pelos movimentos delicados e expressivos das incríveis gêmeas maravilhosas, Nayara e Nathalia! E, é claro, pela lindeza da voz, das emocionantes composições, das hilárias atuações e da atenção que naquilo que crê que tem o Anitelli. 

Que bom que fui em mais um espetáculo desses, que bom que faço parte dos Raros. Que bom que sou parte de um tudo numa coisa só.

:-)


E, não bastando este show de emoções na sexta-feira, hoje (domingo) tive a oportunidade de conhecer aquela parte da família que ninguém sabe o nome. Sabe, só? Que é primo do irmão do tio do avô do seu pai. 

Eu esperei papo furado, gente mala, primo chato no celular no canto e coisa e tal. Não podia estar mais enganada. 

Minha família (mesmo aquela parte do primo do irmão do tio do avô do meu pai) é gente fina pra caramba. São animados. Tem samba no pé. E na mão. No batuque. E dançam, cantam alto (e cantam música boa, ô). E fazem comida boa e tomam café fora de hora, também. Tem sorriso no rosto, as mais variadas cores, cabelos, cheiros e prioridades. Mas na hora de sentar pra contar história, a gente só repara quem vem de quem. É todo mundo igual. Tudo família, tudo Marques.

Eu sou Giovanna, do Fernando, que veio da Betinha...

No fim das contas, é todo mundo de Constância... Com uns anexos. Né?!

Que bom que tive essas surpresas maravilhosas. Que bom que a vida proporciona esses momentos pra gente pensar: que bom

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