em cima do balcão, as chaves

11:25 AM

lá fora

há um amor que entra de férias.
Há um embaçamento
de minhas agulhas nítidas
diante dessa boa bisca de mulher.
Há um placar visível em altas horas,
pela persiana deste hotel, fatal,
que diz: fiado,
só depois de amanhã e olhe lá,
onde a minha lâmina cortante,
sofrendo de
súbita cegueira noturna,
pendura a conta
e não corta mais,
suspendendo seu pêndulo
De Nietzsche
ou Poe
 por um nada que pisca
e tira folga e sai afiado
para a rua como um ato falho
deixando as chaves soltas
em cima do balcão.

[ana cristina cesar]

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