sobre tudo: e o preço disso.

6:48 PM

  1. "Fique bem, please. Paciência — é preciso ter infinita paciência. Olhar meigo para tudo & todos. Humildade, decência, recato & pudor. A um passo da santidade." (trecho do livro "Cartas", do Caio)

    Daí que uns tempos atrás recebi d'um querido amigo, o Henrique, a indicação de um app pra celular chamado SpringPad. É mais um desses trocentos aplicativos de organização. Como sou boa frutriqueira, fiz o download e tô usando. É bom demais. Dá pra organizar tudo o que eu preciso, deixar na Board o que é mais importante, dar destaque, curtir, colocar foto, música, arquivo e o escambau a quatro. O melhor é que é de graça.

    Mas aí, cê aí que tá lendo diz: e... dane-se? Que que eu tenho a ver com isso?

    Pois bem, vim falar hoje d'umas coisas. Dentre estas coisas, organização.

    Porque assim, não sei se 'cês sabem, mas até pouquíssimo tempo atrás, eu era a pessoa mais desorganizada do mundo. Mudou num segundo quando eu descobri a existência do Vida Organizada e li uns três ou quatro posts. Hoje, infelizmente, não acompanho mais o blog (acho que ficaria muito neurótica rs), mas adaptei toda a minha vida pra um padrão melhor de organização.

    Aí existem mudanças, tais como trocar o Evernote pelo SpringPad; o atrito familiar pela voz da Maria Rita e a briga pela paciência - daí vem o trecho de Caio.

    E eu queria contar pra quem me lê, ou só escrever em algum lugar, que tem hora que dá vontade de explodir. Que o saco vai enchendo, a bexiga vai expandindo, a batata vai assando e a impressão que dá é que, hora ou outra, a bagaça toda transborda, explode e queima. 

    Vejam bem, eu sou uma pessoa controlada. Minha cabeça trabalha a doze mil por hora e eu demonstro só 1/18 disso tudo. Isso mesmo. Dezoito avos. E isso dá só uns setecentos por hora, o que é bem pouco. 

    Só que hoje, ontem, essa semana - tá tudo tão estragado.

    A inscrição da FUVEST pode ser feita a partir de amanhã e eu continuo com a cabeça cheia de dúvidas. Já tenho plena certeza de que não posso fazer algo que eu não goste, porque sou extremamente expressiva e acabaria em depressão no primeiro semestre. Já tenho certeza de que seria inútil tentar cursar algo que não me fizesse criar coisas. É inútil cogitar a possibilidade de escolher a grana ao invés da felicidade: me imagino cantando "me deixa louca, é só beijar tua boca que eu me arrepio, ar-re-pio..." numa casa pequenininha, com os cantos pintados de todas as cores.

    E tem mais: o terceiro ano ainda não acabou! E existem trabalhos, provas, simulados, atividades: coisas que não me exigem estudo, mas me tomam tempo. E eu odeio perder tempo

    Já contei pr'ocês que sinto que tô terminando de perder o 13º ano da minha vida? Não? Pois bem, deix'a tia explicar a teoria conspiratória educacional pr'ocês.

    'Cês sabem que eu comecei a estudar aos três anos? Pois é, foi coisa assim. Entrei pequetuxa no colégio e desde então não saí mais. Passei do Pré I pra 1ª Série de uma vez, sem os intermédios de jardins, pré 2, 3, 4, 12... Eu era uma menininha espertinha. Entrei na primeira série aos seis anos - um ano a menos do que todo mundo. E tá, aqui estou eu, quase treze anos depois.

    O que isso me trouxe? Ensinou-me a paciência, a tolerância, a aceitar as diversidades. Ok! Ótimo!

    Agora, façamos uma análise um pouco mais... crítica.

    Veja bem, sempre me disseram que precisamos estudar para sermos alguém na vida. Isso nunca me fez sentido, porque, oras, se preciso estudar para ser alguém na vida, por que não posso simplesmente prestar um vestibular para entrar num curso de graduação específica a qualquer momento? Por que preciso terminar os treze anos de ensino infantil, fundamental e médio? 

    É tanto tempo jogado fora! E o que me causa mais indignação é que, ao sair dos treze (frizarei este tempo todo até o fim deste texto) anos de estudo, você não pode exercer profissão alguma. Querem uma graduação. Duas. Três. Uma pós. Um mestrado. Um doutorado. Um phD, quem sabe.

    Com os treze anos de ensino você pode fazer o que? Ganhar desconto na lanchonete do shopping sendo lojista, quando muito. Comissionado, se tiver sorte.

    Ah, mas faça-me o favor! Agora, me diga, pra quê toda esta perda de tempo? Isso mesmo, para nos prepararmos para passar no vestibular

    Eu me pergunto diariamente quem foi o retardado que decidiu que é preciso fazer UMA prova para entrar em uma universidade de qualidade. Todos os treze anos de Ensino são completamente ignorados e substituídos por uma prova. Se serão substituídos, qual é o propósito dos treze anos? Ter um lugar pra enfiar os adolescentes seis (ou dez, doze...) horas por dia, enquanto os pais trabalham?

    Abram um grande parque comunitário, oras. Instigue-nos a correr, gritar, pensar, ler. 

    Ah! É! Sociedade pensante evolui. Evolução não é lucrativo. É verdade. Opa.

    Mimimi, que papo de socialista, comunista, esquerdista!!!

    Sou nada. Curto comprar. Curto chocolate, nutella, iPhone, McDonald's. Gostaria de trabalhar numa coisa extraordifodalhássa pra eu poder ganhar ultra bem e ser felizona. Mas, xô te contar: nem 'dianta ganhar tão bem assim. Dinheiro muda de mão rapidim. 'Cê vai acabar devendo mais que ganha. Vai por mim ;) 

    E aí a gente chega num outro ponto: dinheiro.

    Tudo nessa bagaça de Sistema (blame it on the System) leva dinheiro. Cê precisa de dinheiro pra ir num lugar onde não se gasta dinheiro. Cê tem que ter grana pra sair de casa e ir até um lugar onde cê vá gastar pouco dinheiro. Cê tem que ter grana pra encontrar com os amigos, o que é de graça. Cê tem que ter grana pra tomar um chopp no fim de um dia cansativo. Custa pouco, mas custa.

    E pra ganhar a grana, volto lá n'uns parágrafos acima, pra ganhar a grana cê tem que passar os treze anos na escola, mais uns cinco numa faculdade, uns dois numa pós e tô sendo boazinha e tô contando com o fato de 'cê ter passado direto numa faculdade pública: caso contrário, pó' enfiar aí no meio da conta uns aninhos de cursinho + trabalho e muuuita frustração, ou um trabalho com muita hora extra e perrengue pra bancar uma universidade particular.

    'Cê deve estar pensando: "que exagero!, não é bem assim..." É, talvez não seja pra todo mundo. Conheço gente que trabalha seis horas por dia, sentado, no telefone e ganha mais de quinze mil reais por mês - mais do que o salário médio da graduação que pretendo fazer. Mas também conheço gente pós-graduada que tá ganhando menos de um barão pra trabalhar o dia todo. É tudo muito relativo.

    E cada vez mais acredito que a vida é um jogo de poucas escolhas: ou você vai pra cima, ou vão pra cima de você.

    S'ás quando parece que tá tudo errado ao teu redor? É bem assim que tá.

    E aí eu enfio música no ouvido (paguei pelo aparelho reprodutor de MP3, paguei pelos fones e paguei pelas jaqueta, onde coloco o iPod. Paguei pra arrumar o cabelo, que esconde os fones quando tô dentro do ônibus, que também pago pra entrar) e fico feliz com o que não me custa mais nada do que já custou.

    E tento não ser tão pessimista.

    Mas quando tá tudo f@did@ e ao contrário, xô te contar: é difícil, ein. Só tento não culpar ninguém.

    Porque o Caio disse, a Clarissa disse e eu repito sempre: a vida tá difícil, sim, mas isso não é problema e nem culpa de ninguém.

    Ai, ai. Ficou tudo sem sentido. Vou jogar uma Maria Rita aqui no fim, assim, só pra lembrar que isso não custa mais nada e é bom à beça.

    Falou!


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