Pra viver bem a gente tem que viver mal. Tentar e não conseguir; dar seu melhor e não chegar onde queria; sonhar alto e não realizar; ouvir coisas horríveis; falar coisas desagradáveis. Pra viver bem, a gente precisa lidar com os baixos da vida e saber dosar o aproveitamento dos altos. Pra viver bem, a gente tem que saber como funcionam as regras e o porquê delas terem sido colocadas. Pra viver bem, a gente tem que sorrir mais. Pra viver bem, a gente tem que conviver com gente carrancuda e mal humorada. A vida exige da gente paciência, força de vontade, determinação, autoconfiança e tantas outras palavras que são facilmente encontradas em livros de autoajuda. A verdade é que livros de autoajuda supõem que você precisa estar sempre ao redor de coisas positivas para viver bem. Isso é mentira. Na realidade, a gente tem que saber lidar com todos os tipos de gente e situações - independente de como elas são diferentes de você ou qualquer coisa assim. Pra viver bem, a gente tem que entender que o melhor da vida é que ela acontece. E o pior, também.
aqui de santo andré, hoje é dia catorze do doze de dois mil e doze e o mundo devia ter acabado há dois dias.
te escrevo pra não perder o costume e pra te lembrar que as coisas tem prazo, tem preço e eu tenho pressa. te escrevo pra recordar das risadas e de tudo aquilo que te trouxe pra perto tantas outras vezes e é capaz de te trazer pra perto uma vez mais. te escrevo pra te recordar das coisas que te acalentam e pra te dar colo, mesmo que de longe. te escrevo pra te lembrar que, mesmo daqui, de onde você não pode me ver, de onde você não sabe como estou; ainda lembro de você. te escrevo pra que você entenda que eu não paro de torcer por você. pelo teu sucesso, pela tua força, por todo esse amor que você tem dentro de você: torço pra que ele cresça cada dia mais.
sabe, eu tenho estado bem. têm sido tempos bons, nos quais acordo animada e posso ter um dia tranquilo. o trabalho tem sido mais leve, ou eu estou optando por leva-lo de uma forma melhor. seja qual for a resposta, estou bem.
aumentei minha coleção de cds. você não sabe disso, é claro, e também não sabe que tantas outras coisas acontecerem.
só fico pensando aqui se você, daí, escreve pra mim, daqui.
sinto sua falta!
com amor,
uma velha amiga.
escrito ao som de leoni, as cartas que eu não mando.
quando pensei em escrever algo para o blog, que não escrevo já faz um tempo, pensei naquele texto do caio que começa assim: "Hoje quero escrever qualquer coisa tão iluminada e otimista que, logo depois de ler, você sinta como uma descarga de adrenalina por todo o corpo, uma urgência inadiável de ser feliz. Ser feliz agora, já, imediatamente. E saia correndo para dar aquele telefonema, marcar um encontro, armar um jantar, quem sabe um beijo; para comprar aquela passagem de avião, embarcar hoje mesmo para Nova York, Paris, Hononulu. Tão revigorado e seguro – depois de me ler – que nada, absolutamente nada, dará errado: ela (ou ele) atenderá com prazer (em todos os sentidos) ao seu chamado, haverá saldo no banco para a passagem e muitos dólares. Tudo se organizará rápida e meio magicamente, como se todos os astros e todos os deuses só esperassem por um momento seu para derramar sobre sua cabeça, digamos, uma cornucópia de bem-venturanças."
tô feliz, hoje. acordei assim. acordei num pulo, botei roupa colorida, meu mocassim da felicidade, prendi o cabelo num coque e tomei uma xícara de café enorme. enchi mais uma vez e corri pra pegar meu caderno. escrevi. frases como "dias de felicidade são como xícaras de café: precisam ser aproveitadas e sempre repostas", "gosto de estar feliz, estar feliz me faz feliz" e coisas sempre positivas que soam piegas. são piegas. não que eu me importe, é claro.
essa felicidade toda vem do que?, você deve estar se perguntando. eu também não sei. felicidade assim é de se explodir, de não caber mais em si mesmo e precisar se explodir em cores, formas, letras, rostos, expressões, personagens, vozes, sons. em arte. nas minhas veias corre algo que me diz: a arte te descreve. li no muro dia desses "quem respira arte, oxigena a alma". amém. quero minha alma oxigenada, cheia de cor, bonita, alegre! arte alegra. arte embonita. arte é tudo aquilo o que te descreve sem ser você mesmo, sempre disse isso. tive uma professora de artes, uma vez, que me enfiou um trabalho de desenho. eu odiava desenhar. não sabia, não saia, não conseguia. e aí eu disse assim pra ela: tudo é arte. se eu batucar as chaves no meu bolso e isso me fizer um som bom, então é arte. e meu batucar de chaves será meu tipo de arte. por que você quer me enquadrar do seu tipo?
ela disse que não era bem assim. nunca gostei dela.
gosto da arte que tô hoje: arte que me permite dançar horrivelmente pelo quarto sem precisar explicar porquês. me permite ser assim, mesmo, e não ter problema nisso, até porque arte não se justifica, se admira, se junta, mas não se justifica: se sente. felicidade também não.
acho que a arte e a felicidade são coisas bonitas e juntas, até porque a arte vem de extremos. felicidade, infelicidade. a infelicidade exposta na arte transporta o artista à lugares inimagináveis e tão fora de série que, Deus meu, como pode um lugar desses existir só na minha cabeça?
dias bons são dias assim, em que expressa tudo isso, que vem de dentro, em coisas que os outros talvez não entendam.
colorir, pular, dançar, se expressar sem se reprimir: coisas bonitas, coisas alegres, coisas de artear. uso muito este termo: artear. acho importante.
artear é se transformar, se reintegrar, se conhecer, entregar-se a si mesmo e procurar-se em um bilhão de coisas mais. artear é a vontade, o desejo, a diferença, a força, a expressão.
artear deveria ser verbo. verbo de ação.
pra mim, é.
e pra você?
texto escrito assim, em negrito, sem querer. mas até ficou mais bonito, porque é tudo muito importante. viver a arte é importante. viver bem também. é preciso ter destaque. e teve :-)
tô feliz, hoje. acordei assim. acordei num pulo, botei roupa colorida, meu mocassim da felicidade, prendi o cabelo num coque e tomei uma xícara de café enorme. enchi mais uma vez e corri pra pegar meu caderno. escrevi. frases como "dias de felicidade são como xícaras de café: precisam ser aproveitadas e sempre repostas", "gosto de estar feliz, estar feliz me faz feliz" e coisas sempre positivas que soam piegas. são piegas. não que eu me importe, é claro.
essa felicidade toda vem do que?, você deve estar se perguntando. eu também não sei. felicidade assim é de se explodir, de não caber mais em si mesmo e precisar se explodir em cores, formas, letras, rostos, expressões, personagens, vozes, sons. em arte. nas minhas veias corre algo que me diz: a arte te descreve. li no muro dia desses "quem respira arte, oxigena a alma". amém. quero minha alma oxigenada, cheia de cor, bonita, alegre! arte alegra. arte embonita. arte é tudo aquilo o que te descreve sem ser você mesmo, sempre disse isso. tive uma professora de artes, uma vez, que me enfiou um trabalho de desenho. eu odiava desenhar. não sabia, não saia, não conseguia. e aí eu disse assim pra ela: tudo é arte. se eu batucar as chaves no meu bolso e isso me fizer um som bom, então é arte. e meu batucar de chaves será meu tipo de arte. por que você quer me enquadrar do seu tipo?
ela disse que não era bem assim. nunca gostei dela.
gosto da arte que tô hoje: arte que me permite dançar horrivelmente pelo quarto sem precisar explicar porquês. me permite ser assim, mesmo, e não ter problema nisso, até porque arte não se justifica, se admira, se junta, mas não se justifica: se sente. felicidade também não.
acho que a arte e a felicidade são coisas bonitas e juntas, até porque a arte vem de extremos. felicidade, infelicidade. a infelicidade exposta na arte transporta o artista à lugares inimagináveis e tão fora de série que, Deus meu, como pode um lugar desses existir só na minha cabeça?
dias bons são dias assim, em que expressa tudo isso, que vem de dentro, em coisas que os outros talvez não entendam.
colorir, pular, dançar, se expressar sem se reprimir: coisas bonitas, coisas alegres, coisas de artear. uso muito este termo: artear. acho importante.
artear é se transformar, se reintegrar, se conhecer, entregar-se a si mesmo e procurar-se em um bilhão de coisas mais. artear é a vontade, o desejo, a diferença, a força, a expressão.
artear deveria ser verbo. verbo de ação.
pra mim, é.
e pra você?
texto escrito assim, em negrito, sem querer. mas até ficou mais bonito, porque é tudo muito importante. viver a arte é importante. viver bem também. é preciso ter destaque. e teve :-)
uma parábola bíblica conta que um servo de Deus teve um sonho enquanto estava preso: que um reino inteiro iria passar por tempos de vacas magras e por um tempo de vacas gordas. eles estavam bem. riram. vieram as vacas magras. como não pouparam nada, o povo passou fome.
avisaram: dias ruins vêm. dias bons também. dias ruins voltam a vir. o bom é que os dois passam. e voltam, mas passam. sempre passam.
não sei porque insisto em não ouvir.
avisaram: dias ruins vêm. dias bons também. dias ruins voltam a vir. o bom é que os dois passam. e voltam, mas passam. sempre passam.
não sei porque insisto em não ouvir.
Ouça. Apenas ouça.
Terminei de ler Onde Andará Dulce Veiga?, de Caio Fernando Abreu. Não sei se há muito a ser dito. O livro é tão... intenso. Quase autobiográfico. Consigo ver Caio no homem cujo nome não é conhecido. Vejo Caio no cara do jornal. Vejo Caio na dúvida. No medo. Na entrega. No Saul. Sim, no Saul. Até nele. Vejo Cazuza no Pedro. Pretensão, talvez, mas vejo. Vejo "bilhetinho azul" em Pedro. Vejo morte em Pedro. E em Cazuza. Vejo morte em ambos. O cara do jornal é um morto. Morto vivo, zumbi, adepto à toda tentativa de se reencontrar. Tentou se encontrar perdendo Pedro. Não conseguiu perdê-lo, não conseguiu se encontrar. Você não quer voltar?, ele sempre perguntava. Pedro não quis. Não quis contaminá-lo com seu amor. E mais: vejo em Dulce a imagem do que Caio quis. Que o cara do jornal quis. Algo maior. Dulce Veiga era algo maior. Dulce Veiga era a procura, a espera. Correu atrás a vida toda. Atrás da identificação, da procura, do inexistente, do esquecido. Dulce Veiga seria a cura de algo. O amor, por sua vez, contaminara tudo.
Mas, mais que isso - pior que isso, eu diria - é que eu me vi no cara do jornal: sempre em busca de algo maior. Em busca de Dulce Veiga - onde será que anda? Parece que falta, falta em mim, falta no interno, na essência; falta algo. Dulce Veiga me falte, talvez. Algo. Alguém. Que substitua, preencha, complete tudo aquilo o que falta.
E eu não sei porquê e não sei desde quando, mas sei que me falta algo. Algo grande. Algo maior. Algo que me faça cantar.
Existem dias nos quais acredito que serão inteiramente positivos e cheios de coisas boas a serem contadas em meio a algum café com alguém - quem sabe quem - e que iniciam-se com músicas gostosas, como a voz boêmia, rouca e bêbada de Vinicius repetindo que sei lá, sei lá, a vida tem sempre razão, mas esses dias também começam com o planejamento de que serão cheios de progresso e terminarão com uma noite tranquila de sono para que o próximo dia seja bom como o planejado deveria ser; e acaba que o dia é sempre uma merda terminada por uma noite arrastada e acordada com a companhia de uma luz acesa que não inibe a escuridão e que, por fim, rende uma história triste contada em um café junto a uma folha de papel que sempre acaba manchada pela minha embriaguez por cafeína, essa maldita que não perdoa os poréns de um dia que foi planejado pra ser bom e finda sempre tão ruim - no máximo, mais ou menos, como os dias em que posso ter tesão pelas palavras de Caio de Abreu (única coisa que tem me dado tesão de viver) ou qualquer coisa acabada, morta e inanimada como Caio - e perdão.
Desses vinte anos nenhum foi feito pra mim
E agora você quer que eu fique assim igual a você
É mesmo, como vou crescer se nada cresce por aqui?
(...)
Em vez de luz tem tiroteio no fim do túnel
Sempre mais do mesmo
Não era isso que você queria ouvir?
Bondade sua me explicar com tanta determinação
Exatamente o que eu sinto, como penso e como sou
Eu realmente não sabia que eu pensava assim
E agora você quer que eu fique assim igual a você
É mesmo, como vou crescer se nada cresce por aqui?
(...)
Em vez de luz tem tiroteio no fim do túnel
Sempre mais do mesmo
Não era isso que você queria ouvir?
Bondade sua me explicar com tanta determinação
Exatamente o que eu sinto, como penso e como sou
Eu realmente não sabia que eu pensava assim
mágoa é um negócio que vem lá do fundo dos infernos pra atazanar a gente que tá aqui, quietinho no canto, sem fazer mal pra ninguém...
não te pedi pra nada, não te pedi pra coisa alguma. cê nem sabia que tinha algo pra ser pedido. pra você, foi tudo um absurdo, um lapso. que nunca sequer tinha passado pela minha cabeça. cê que pensa. o caso é que tava melhor quando era só coisa da minha cabeça. minha cabeça tá cheia de coisas, posso me adaptar a todas elas, enquanto forem apenas coisas da minha cabeça. quem mandou realizar? não sei se tô pronta. nem sei se o problema todo tá em você ou no meu cagaço débil que retrocede qualquer tentativa de aproximação. sei lá, cê podia só me surpreender e me dar razões pra não ter problemas em entender nada, né? assim, só por praxe.
sigo caetaneando [bem que me dá vontade de gritar QUE VOCÊS NÃO ESTÃO ENTENDENDO NADA!!!!!!!!!!!!!!, mas seguro tudo e só libero o lado positivo e harmônico do caetano ;)] e repetindo vinicius de moraes: sei lá, sei lá, a vida tem sempre razão. sei lá, sei lá, só sei que é preciso paixão.
da giovanna marques, às 23:27 do dia 13.11.2012, enquanto deveria estar dormindo.
não te pedi pra nada, não te pedi pra coisa alguma. cê nem sabia que tinha algo pra ser pedido. pra você, foi tudo um absurdo, um lapso. que nunca sequer tinha passado pela minha cabeça. cê que pensa. o caso é que tava melhor quando era só coisa da minha cabeça. minha cabeça tá cheia de coisas, posso me adaptar a todas elas, enquanto forem apenas coisas da minha cabeça. quem mandou realizar? não sei se tô pronta. nem sei se o problema todo tá em você ou no meu cagaço débil que retrocede qualquer tentativa de aproximação. sei lá, cê podia só me surpreender e me dar razões pra não ter problemas em entender nada, né? assim, só por praxe.
sigo caetaneando [bem que me dá vontade de gritar QUE VOCÊS NÃO ESTÃO ENTENDENDO NADA!!!!!!!!!!!!!!, mas seguro tudo e só libero o lado positivo e harmônico do caetano ;)] e repetindo vinicius de moraes: sei lá, sei lá, a vida tem sempre razão. sei lá, sei lá, só sei que é preciso paixão.
da giovanna marques, às 23:27 do dia 13.11.2012, enquanto deveria estar dormindo.
A justiça - como tudo o mais na vida - depende do ponto de vista. Porque o que é justo pra mim é injusto pra você e as minhas e as suas razões não são certas e não são erradas. São diferentes e só. E se são só diferentes, por que não aceitamos? Por que discutimos, insistimos, magoamos e tudo o mais?
Meus pais sempre me ensinaram que preciso lutar pra conseguir o que eu quero, que nada que vale a pena vem fácil e, principalmente, que fazemos na vida o que precisamos, não o que queremos. O que eles me exigem é que eu ajude na empresa que é, teoricamente, herança minha; educação; respeito; que eu tire boas notas; seja simpática e bem informada. Justo. Mas pra quem?
Eu gosto de arte. Gosto da arte viva e de toda arte que exige o mínimo de esforço, cratividade e conhecimento. Faço aulas de teatro; gosto de desenhar e de escrever. Já até pintei quadros. Levei uma surra pra aprender a usar nanquim. Escrever, pra mim, é como arrumar o quarto. Algumas pessoas só escondem as coisas debaixo da cama, mas o quarto só está verdadeiramente arrumado quando jogamos tudo no chão, reviramos armários, doamos roupas velhas, passamos pano em cima do guardarroupas e mudamos os móveis de lugar. A escrita pra mim tem o mesmo princípio. Às vezes, escrevo coisas tão superficiais quanto fingir que o quarto está arrumado jogando as coisas debaixo da cama. Mas só me sinto realmente bem em relação ao que escrevo quando reviro tudo, mudo tudo de lugar, descubro coisas que eu não sabia, vasculho, acho, procuro, remôo coisas velhas e, como disse Caio, enfio o dedo na garganta e vomito tudo aquilo que eu não gosto de saber sobre mim.
E sendo isso tudo - porque eu não só gosto, não só amo, eu sou essas coisas todas - sendo isso tudo, é justo pra quem que eu seja todas aquelas coisas que me exigem? O trabalho que eu faço diariamente me toma tempo hábil, paciência e criatividade. Ser educada e respeitosa consiste em, basicamente, ignorar meus instintos e pensamentos e responder "sim, senhor" e "não, senhor" sempre que a palavra for dirigida a mim. Ou seja, preciso abrir mão do que acho bom e justo para seguir o que acham bom e justo para mim? Atitudes rebeldes passam longe de mim e eu não ligo de fazer essas coisas, desde que elas não me impeçam de fazer o que eu gosto, também.
Mas elas têm impedido. Tem me deixado irritada, impaciente, sonolenta, cansada. Não tenho mais tempo pra nada do que gosto (a não ser três horas por sábado, quando faço a aula de teatro). Não sei se tenho direito de pedir compreensão. Em termos, não é justo para eles. Na cabeça deles, isso é o melhor pra mim. E talvez, em termos financeiros e sociais, até seja. Mas quem garante que o padrão social é o melhor pra você? Quem garante que o que o outro vê é o que é você?
Acho que me falta coragem de juntar o útil ao agradável e entender o que é preciso fazer para não desrespeitá-los sem me desrespeitar - que é o que eu mais tenho feito. Tenho me desrespeitado sempre que acordo às 5:30 da manhã e vou dormir à meia-noite sem gastar uma hora sequer com algo que eu goste. Não sei o que fazer, o que pensar, por onde ir.
Hora ou outra, vou perceber que preciso caminhar sozinha. Melhor dizendo, disso eu já sei. Preciso de coragem, de novo. Para encarar isso tudo: meus pais, meus sonhos, tudo o que eu amo e, por fim, a vida. Encarar isso tudo sem deixar nada escapar. O mais difícil vai ser me encarar. Mas enquanto eu não desistir de mim, todo o resto fica fácil. E, como diria Caetano, a gente vai levando...
Meus pais sempre me ensinaram que preciso lutar pra conseguir o que eu quero, que nada que vale a pena vem fácil e, principalmente, que fazemos na vida o que precisamos, não o que queremos. O que eles me exigem é que eu ajude na empresa que é, teoricamente, herança minha; educação; respeito; que eu tire boas notas; seja simpática e bem informada. Justo. Mas pra quem?
Eu gosto de arte. Gosto da arte viva e de toda arte que exige o mínimo de esforço, cratividade e conhecimento. Faço aulas de teatro; gosto de desenhar e de escrever. Já até pintei quadros. Levei uma surra pra aprender a usar nanquim. Escrever, pra mim, é como arrumar o quarto. Algumas pessoas só escondem as coisas debaixo da cama, mas o quarto só está verdadeiramente arrumado quando jogamos tudo no chão, reviramos armários, doamos roupas velhas, passamos pano em cima do guardarroupas e mudamos os móveis de lugar. A escrita pra mim tem o mesmo princípio. Às vezes, escrevo coisas tão superficiais quanto fingir que o quarto está arrumado jogando as coisas debaixo da cama. Mas só me sinto realmente bem em relação ao que escrevo quando reviro tudo, mudo tudo de lugar, descubro coisas que eu não sabia, vasculho, acho, procuro, remôo coisas velhas e, como disse Caio, enfio o dedo na garganta e vomito tudo aquilo que eu não gosto de saber sobre mim.
E sendo isso tudo - porque eu não só gosto, não só amo, eu sou essas coisas todas - sendo isso tudo, é justo pra quem que eu seja todas aquelas coisas que me exigem? O trabalho que eu faço diariamente me toma tempo hábil, paciência e criatividade. Ser educada e respeitosa consiste em, basicamente, ignorar meus instintos e pensamentos e responder "sim, senhor" e "não, senhor" sempre que a palavra for dirigida a mim. Ou seja, preciso abrir mão do que acho bom e justo para seguir o que acham bom e justo para mim? Atitudes rebeldes passam longe de mim e eu não ligo de fazer essas coisas, desde que elas não me impeçam de fazer o que eu gosto, também.
Mas elas têm impedido. Tem me deixado irritada, impaciente, sonolenta, cansada. Não tenho mais tempo pra nada do que gosto (a não ser três horas por sábado, quando faço a aula de teatro). Não sei se tenho direito de pedir compreensão. Em termos, não é justo para eles. Na cabeça deles, isso é o melhor pra mim. E talvez, em termos financeiros e sociais, até seja. Mas quem garante que o padrão social é o melhor pra você? Quem garante que o que o outro vê é o que é você?
Acho que me falta coragem de juntar o útil ao agradável e entender o que é preciso fazer para não desrespeitá-los sem me desrespeitar - que é o que eu mais tenho feito. Tenho me desrespeitado sempre que acordo às 5:30 da manhã e vou dormir à meia-noite sem gastar uma hora sequer com algo que eu goste. Não sei o que fazer, o que pensar, por onde ir.
Hora ou outra, vou perceber que preciso caminhar sozinha. Melhor dizendo, disso eu já sei. Preciso de coragem, de novo. Para encarar isso tudo: meus pais, meus sonhos, tudo o que eu amo e, por fim, a vida. Encarar isso tudo sem deixar nada escapar. O mais difícil vai ser me encarar. Mas enquanto eu não desistir de mim, todo o resto fica fácil. E, como diria Caetano, a gente vai levando...
por Deus
nunca me vi tão só
a própria fé é o que destrói
estes são dias desleais...
(...)
reconheço meu pesar
quando tudo é traição
o que venho encontrar
é a virtude em outras mãos
eu sei que você me lê
mas e aí
você me vê?
ê ê ê
mas e aí
você me vê?
ê ê ê
Assistindo o vídeo "Dear 16 years old me", pensei no que eu NÃO quero ter que me dizer daqui há alguns anos. Mesmo com só quinze anos, penso em várias e várias e várias formas alternativas de ter entrado ou saído de situações sem ter causado metade do dano/stress que eu realmente causei.
Partindo daí, venho pensando desse jeito:
Mal estar, mau humor e cara feia não saram nada e ainda dão dor de cabeça. Evite-os.
Datas são só datas. Por mais significativas que pareçam, são apenas datas. Por mais que elas mereçam ser lembradas e ligadas à um fato ou pessoa em especial, não merecem que eu mude meu humor (a não ser que seja para melhor) ou estrague meu dia.
Cuide da sua postura e do seu corpo! Se com 15 anos você tem dor nas costas, quem dirá com 51?
Manter a mente livre pode ser difícil, mas mantê-la equilibrada pede apenas paciência. Seja paciente.
Não menospreze estilos musicais pelo nome. De MPB ao Rock mais pesado [passando pela bossa nova, samba, jazz, rock progressivo, rock melódico e até um pouquinho de eletrônica], todas as músicas têm seus pontos fortes dignos de admiração.
Pessoas são diferentes, crescemos em horas diferentes, nos adaptamos às coisas de formas diferentes.
Quanto mais cedo eu entender isso, menos reclamarei disso no futuro.
Quanto mais cedo eu entender isso, menos reclamarei disso no futuro.
Mas em meio à um devaneio, pensei: e quando eu crescer?
E sem querer parecer paraninfa de formatura, digo:
Querida eu daqui vinte anos,
Não seja mesquinha. Saiba sorrir, compartilhar e ser gentil. Não seja quem você mais detesta hoje. Tente ser paciente com as crianças e adolescentes. Você já recebeu estupidez de pessoas mais velhas, também. Não gostou, lembra? Não seja assim. Lembre-se sempre do que a levou até onde está e nunca se esqueça que, para chegar ao topo, é preciso passar por todos os degraus. Não se estabane. Viva um dia de cada vez, até porque não tem como não ser assim. Não se esqueça de quem você foi quando era mais nova. Siga seu coração. Não apenas para relacionamentos, mas como recurso intuitivo. Entre seguir o caminho prático e sua intuição, escolha a sua intuição. Quando as coisas encherem muito o saco, mande pastar! Deite e durma. Cabeça cheia não resolve problema e, aliás, só cria mais. Se não há nada bom a ser dito, não diga! Não se torne uma profissional mala que só fala do trabalho. Procure ter hobbies, uma biblioteca em casa, amigos, uma coleção de xícaras e torras de café.
Beba menos café. Aposto que ainda terei gastrite daqui há 20 anos.
Mas, mais do que isso, encare a vida como você encarou com 15 anos. Procurando sorrir, ignorando tudo o que é irritante, aprendendo a engolir menos e procurando felicidade em cada canto. Lembre-se de desenhar, escrever e se expressar com todo e qualquer tipo de arte. É isso o que te move.
A vida é bonita, Eu. Com 10, 15, 20, 40, 60 ou 80 anos. A vida é sempre bonita, doce e cheia de surpresas. Esteja pronta para encará-las, enfrentá-las e aproveitá-las. Do resto, deixa que você se vira. Sempre se vira.Amor,
Você Mesma
não vou mentir pra mim. pra você eu até minto, mas pra mim não dá. falo mesmo: gosto e queria que você gostasse também. gosto de você, do seu jeitão e de tudo o que você faz. eu sei que cê acha que acho isso tudo uma babaquice, mas não acho não. gosto tanto do teu toque, da voz, do abraço, do afago. você invadiu meus sonhos, minhas tardes, meus devaneios, minha vida.
parecia que ninguém valia o esforço, sabe? não valia a guerra, a luta. a briga não era suficiente e não tinha nem porquê lutar. mesmo se ganhasse, o esforço não seria recompensado. e agora a luta parece ser mais difícil e eu não tô nem aí. você se importaria de lutar também?
e acho esse termo um pouco pejorativo e exagerado. pode ser algo menos, também. não precisa ser uma luta. pode ser só algo. você faria algo para me ter? ou isso nem é uma opção? tenho lá minhas dúvidas.
por hora, tenho me convencido de que teu amor é uma mentira que a minha vaidade quer. e o meu, poesia de cego, você não pode ver.
em uma frase? te quero. repete pra mim se houver um sim ;-)
parecia que ninguém valia o esforço, sabe? não valia a guerra, a luta. a briga não era suficiente e não tinha nem porquê lutar. mesmo se ganhasse, o esforço não seria recompensado. e agora a luta parece ser mais difícil e eu não tô nem aí. você se importaria de lutar também?
e acho esse termo um pouco pejorativo e exagerado. pode ser algo menos, também. não precisa ser uma luta. pode ser só algo. você faria algo para me ter? ou isso nem é uma opção? tenho lá minhas dúvidas.
por hora, tenho me convencido de que teu amor é uma mentira que a minha vaidade quer. e o meu, poesia de cego, você não pode ver.
em uma frase? te quero. repete pra mim se houver um sim ;-)
parece que de vez em quando tá tudo bem, calmo, parado e tranquilo. dá pra tomar café e respirar fundo sem se preocupar com nada e, subitamente, no meio do gole, vem um furacão. aí tem que sair correndo pra recolher tudo, juntar as coisas, cuidar pros papéis não se espalharem. cuidar pro café não cair na blusa, porque tá fervendo e café fervendo queima.
do nada, no meio de uma frase linda como "o dia sempre fica...", aparece um furacão e você acaba por nunca descobrir como o dia ficaria. o furacão é forte e bagunça o cabelo e inunda sua cabeça de maus pensamentos que te enclausuraram por tanto tempo e voltam a te enclausurar quando voltam a aparecer.
consequentemente, voltam medos, vontades reprimidas, dores, mágoas.
não fomos - não fui - criados para convivermos com mudanças súbitas de ótimo para desastroso.
precisamos reaprender a lutar para retornarmos àquilo que nos fez sentir bem e não é exatamente fácil: tudo o que é bom dá trabalho. depende de esforço e coisas que acontecem subitamente nos tiram a força e a motivação. furacões súbitos não-metereologicamente-constatados acabam por nos pegar de surpresa.
como a morte de um ente queridíssimo no meio de uma tarde de terça-feira vazia. não é dia, não é hora. a gente sempre acha que as coisas vão acontecer quando estivermos estrategicamente preparados, mas receio que muitas coisas sejam exatamente ao contrário.
mais uma vez, life keeps teaching me: a hurricane may come everyday. beward.
do nada, no meio de uma frase linda como "o dia sempre fica...", aparece um furacão e você acaba por nunca descobrir como o dia ficaria. o furacão é forte e bagunça o cabelo e inunda sua cabeça de maus pensamentos que te enclausuraram por tanto tempo e voltam a te enclausurar quando voltam a aparecer.
consequentemente, voltam medos, vontades reprimidas, dores, mágoas.
não fomos - não fui - criados para convivermos com mudanças súbitas de ótimo para desastroso.
precisamos reaprender a lutar para retornarmos àquilo que nos fez sentir bem e não é exatamente fácil: tudo o que é bom dá trabalho. depende de esforço e coisas que acontecem subitamente nos tiram a força e a motivação. furacões súbitos não-metereologicamente-constatados acabam por nos pegar de surpresa.
como a morte de um ente queridíssimo no meio de uma tarde de terça-feira vazia. não é dia, não é hora. a gente sempre acha que as coisas vão acontecer quando estivermos estrategicamente preparados, mas receio que muitas coisas sejam exatamente ao contrário.
mais uma vez, life keeps teaching me: a hurricane may come everyday. beward.
É sexta-feira, amor! Sexta-feira!
...é mais pra um pedido. Pra te dizer que gosto do jeito, do gosto, da cara e do sentimento que você dá, traz, faz, tem. Mas peço coragem, força, braveza. Porque a covarde sou eu, mas garanto que você só precisa dar o primeiro passo.
Do que sobrou dos meus sentimentos, faça o combustível para seu caminhar até aqui.
Despeje no meu peito todo sofrimento e me deixe ser o seu abrigo.
Posso não ser boa nas minhas tentativas de expressão, mas sou boa com palavras e posso utilizá-las para que você possa entender o que quero dizer. Desculpe se eu acabar por rodear o ponto e demorar para explicá-lo: o "sei lá" me cabe muito bem.
Mas eu espero (quase conto os minutos de tanto esperar) que você seja capaz de confiar em mim e entender que não caibo nas fôrmas que você montou para o modelo medíocre de companheirismo que te foi, aparentemente, útil. Tendo a ir um pouco além e - sendo isto bom ou não - posso te surpreender com devaneios [para mim] usuais.
E, de novo, tento me explicar sem rodeios e sem dificultar: te gosto. Do que tem na tua essência, do teu erro e do teu acerto. Gosto de tudo. Fui clara demais?
Acho que me cabe apenas uma esperança: o amanhã é meu e faço dele o que eu quiser. E, por isso, peço tua ajuda: poderia ser nosso. Não porque preciso, porque necessito e porque ser só meu me afetaria. Não. Não tenho problemas em estar sozinha - na maior parte das vezes. Mas gostaria de que fosse nosso. Até porque meu é muito bruto e a suavidade faz parte do que pode ser nosso. O que tem no teu eu é doce e real; e acho que não há mal nisso, há?
Do que sobrou dos meus sentimentos, faça o combustível para seu caminhar até aqui.
Despeje no meu peito todo sofrimento e me deixe ser o seu abrigo.
Posso não ser boa nas minhas tentativas de expressão, mas sou boa com palavras e posso utilizá-las para que você possa entender o que quero dizer. Desculpe se eu acabar por rodear o ponto e demorar para explicá-lo: o "sei lá" me cabe muito bem.
Mas eu espero (quase conto os minutos de tanto esperar) que você seja capaz de confiar em mim e entender que não caibo nas fôrmas que você montou para o modelo medíocre de companheirismo que te foi, aparentemente, útil. Tendo a ir um pouco além e - sendo isto bom ou não - posso te surpreender com devaneios [para mim] usuais.
E, de novo, tento me explicar sem rodeios e sem dificultar: te gosto. Do que tem na tua essência, do teu erro e do teu acerto. Gosto de tudo. Fui clara demais?
Acho que me cabe apenas uma esperança: o amanhã é meu e faço dele o que eu quiser. E, por isso, peço tua ajuda: poderia ser nosso. Não porque preciso, porque necessito e porque ser só meu me afetaria. Não. Não tenho problemas em estar sozinha - na maior parte das vezes. Mas gostaria de que fosse nosso. Até porque meu é muito bruto e a suavidade faz parte do que pode ser nosso. O que tem no teu eu é doce e real; e acho que não há mal nisso, há?
a solidão pode ser cruel. optei por utilizá-la como aliada. aprendemos a dançar ;-)
Ixi, sei lá. Começo com a dúvida só pra avisar: sei lá!
Não sei de muita coisa, sabe como é? Entendo de algumas coisas de literatura brasileira, porque gosto. Entendo de guerras, porque gosto. Entendo do que gosto e, se me perguntar sobre o que não gosto, me perco. A gente [ou eu, sei lá] tem essa coisa de se perder no desagrado. Mas tô meio Amarante, mesmo: gosto do gasto, do estrago. Do gasto e do estrago interior - nada mais.
A gente acredita no que quer, né? Fala sério... A cabeça deixa todo mundo doidão. No que você acredita? No que você vê ou no que é real pra você?
Dor de cabeça.
Dor nos pés, dor nas escápulas. Ombros tensos. Gosto de café sem açúcar na boca.
Amarga, eu? Não.
Cansada, apenas.
Nas lembranças, um alguém tão especial: aquele que me vem à cabeça na hora de uma decisão.
"Você não precisa ter certeza de tudo sempre, Gi". É engraçado como uma frase tão aparentemente óbvia possa me dar um alívio tão grande. Talvez por ter vindo em um momento de diversas aflições, por ter vindo na hora certa, de alguém em quem eu passei a confiar. Talvez pelo abraço que a acompanhou.
Por hora, devo dizer que existem pessoas que são verdadeiramente especiais. Que tem em seu rosto a paz e, nos braços, a maior porção de segurança que um ser humano é capaz de proporcionar a outro.
Falta mais pessoas no mundo como este mocinho em especial.
Faz três anos que o conheço e, mesmo assim, sinto como se o conhecesse por uma vida inteira. Sobretudo, em momentos extremos. Felicidade demais, tristeza demais. A confiança que tenho nele também é extrema: é demais.
Que vontade de abraçar apertado e agradecê-lo um bilhão de vezes só por existir. Deus, se tem wi-fi aí em cima, anota pra listas de coisas ótimas que você fez: pessoas em quem confiar, se apoiar, rir e chorar com.
E, por fim, aqui vai um trecho do Hermann Hesse que explica o porquê dos meus blogs, loucuras, fluxos de consciência sem fim, declarações inexoráveis, sentimentos de perda explícitos e coisa e tal e tal e coisa:
"Talvez seja a luz muito clara desses momentos que faz parecer tudo tão escuro, talvez a libertadora e maravilhosa leveza desses momentos faça sentir o resto da vida tão pesada, pegajosa e opressiva. Não sei, não aprofundei muito o pensamento e a tirada filosófica. Mas sei que se há bem-aventurança e um paraíso tem de ser uma duração incólume de tais momentos, e se se pode obter esta felicidade pela dor e pela sublimação na dor, não há nenhuma dor que justifique a fuga." (Trecho de "Não há dor que justifique a fuga", de Hermann Hesse)
Por hoje é só.
Não sei de muita coisa, sabe como é? Entendo de algumas coisas de literatura brasileira, porque gosto. Entendo de guerras, porque gosto. Entendo do que gosto e, se me perguntar sobre o que não gosto, me perco. A gente [ou eu, sei lá] tem essa coisa de se perder no desagrado. Mas tô meio Amarante, mesmo: gosto do gasto, do estrago. Do gasto e do estrago interior - nada mais.
A gente acredita no que quer, né? Fala sério... A cabeça deixa todo mundo doidão. No que você acredita? No que você vê ou no que é real pra você?
Dor de cabeça.
Dor nos pés, dor nas escápulas. Ombros tensos. Gosto de café sem açúcar na boca.
Amarga, eu? Não.
Cansada, apenas.
Nas lembranças, um alguém tão especial: aquele que me vem à cabeça na hora de uma decisão.
"Você não precisa ter certeza de tudo sempre, Gi". É engraçado como uma frase tão aparentemente óbvia possa me dar um alívio tão grande. Talvez por ter vindo em um momento de diversas aflições, por ter vindo na hora certa, de alguém em quem eu passei a confiar. Talvez pelo abraço que a acompanhou.
Por hora, devo dizer que existem pessoas que são verdadeiramente especiais. Que tem em seu rosto a paz e, nos braços, a maior porção de segurança que um ser humano é capaz de proporcionar a outro.
Falta mais pessoas no mundo como este mocinho em especial.
Faz três anos que o conheço e, mesmo assim, sinto como se o conhecesse por uma vida inteira. Sobretudo, em momentos extremos. Felicidade demais, tristeza demais. A confiança que tenho nele também é extrema: é demais.
Que vontade de abraçar apertado e agradecê-lo um bilhão de vezes só por existir. Deus, se tem wi-fi aí em cima, anota pra listas de coisas ótimas que você fez: pessoas em quem confiar, se apoiar, rir e chorar com.
E, por fim, aqui vai um trecho do Hermann Hesse que explica o porquê dos meus blogs, loucuras, fluxos de consciência sem fim, declarações inexoráveis, sentimentos de perda explícitos e coisa e tal e tal e coisa:
"Talvez seja a luz muito clara desses momentos que faz parecer tudo tão escuro, talvez a libertadora e maravilhosa leveza desses momentos faça sentir o resto da vida tão pesada, pegajosa e opressiva. Não sei, não aprofundei muito o pensamento e a tirada filosófica. Mas sei que se há bem-aventurança e um paraíso tem de ser uma duração incólume de tais momentos, e se se pode obter esta felicidade pela dor e pela sublimação na dor, não há nenhuma dor que justifique a fuga." (Trecho de "Não há dor que justifique a fuga", de Hermann Hesse)
Por hoje é só.
E por falar em beleza onde anda a canção
Que se ouvia na noite dos bares de então
Onde a gente ficava,onde a gente se amava
Em total solidão
(...)
E por falar em paixão, em razão de viver,
Você bem que podia me aparecer
Nesses mesmos lugares, na noite, nos bares
Onde anda você?
Que se ouvia na noite dos bares de então
Onde a gente ficava,onde a gente se amava
Em total solidão
(...)
E por falar em paixão, em razão de viver,
Você bem que podia me aparecer
Nesses mesmos lugares, na noite, nos bares
Onde anda você?
de jogar tudo pro alto, de ignorar todo mundo. de fingir que nada aconteceu, de voltar um tempo atrás e vomitar esse sentimento todo que eu joguei fora. bem cazuza. limpar a bunda com os sentimentos mais belos. limpei.
quero gorfar, extravasar. urrar felicidade e sambar na cara de todos. aparentemente fraca? irritante. irritante ver tanta gente que tanto me conhece me nivelando tão por baixo. e não tem nem POSSIBILIDADE. eu não sou assim.
então, sintam-se vomitados.
não guardo rancor, não faz bem pra mim.
prefiro jogar fora.
jogar fora o sentimento, a raiva, o rancor, o vômito. vomitei direto no lixo. em cima de todas as outras coisas. tipo cobertura de bolo. agora tá tudo bem, passou.
tô bem a seco. cinco vezes a seco. cinco a seco:
SORRIR MAIS!
soltar gargalhadas.
deixar pra trás o que me entristece e tece meus “ai”s…
só que dessa vez eu tenho que falar. então por mais óbvia que seja a solução, me deixa fingir que ela não existe. preciso falar, porque tem uma coisa entalada na minha garganta que dorme, sonha e acorda comigo; e parece que ela se aproxima cada dia mais. quero só que você me escute. essa coisa da qual falei tem sido um porre. ela me persegue e eu fico entalada, mas engolindo. sabe quando a gente só finge que não é nada demais? mas no fundo é demais... tão demais que a gente opta por extravasar dos jeitos mais errados: nos excessos. tô ligada que eu sou o excesso mais estranho do mundo. leio demais. mas a ressaca literária é absurdamente matadora! eu meio que fico horas, dias, semanas num universo paralelo. meu estado é kinda alfa e... never mind. acho que todos os meus autores estão certos: love cures it all, baby. deve curar, mesmo. porque é a única coisa que eu não tentei. e jonathan safran foer disse "love me. because love doesn't exist and i've tried everything that does". será que dá pra gente comprar amor num potinho? eu ia gostar. acho que ia passar um pouco dessa coisa de fica na garganta. anyway, vida continua, a dor também. hora ou outra eu calo a boca. 'cê tem algo a dizer pra me melhorar? não, né? imaginei. pede outro café pra mim.
Tem dias que não dá pra entender o que se passa. Na minha cabeça, na dos outros. Na cabeça de quem tanto fala, mas não acrescenta. Que é tão cheio de vazio, tão cheio da falta de conteúdo que me confunde. Não sei se é só falta de informação ou se é, também, falta de saber o que fazer com tal informação. Sabe-se lá. Sei lá.
Essa gente me dá preguiça, sabe? Gosto é de quem vai, faz, acontece. Não sirvo pra quem é mole e cai em qualquer uma. Sou da trupe de quem cai e, quando não dá pra levantar, segue se arrastando, mas indo sempre em frente. Ouvi uma vez que "é claro que os problemas da vida vão me desanimar, mas enquando eu tiver pernas, continuarei andando e foda-se!". Não houve verdade maior a ser dita.
Uma dica minha? Não se entrega. à dor, ao pavor, à angústia. Se entrega pra felicidade, amor, abraços, leveza. Pro resto, dá a língua e uma bica. E mais: sorri! :)
te odeio. odeio, porque você me vomita. porque tudo o que eu escondo de mim você jogou pra fora numas palavrinhas chulas e escrotas como "amor, perdão, facilidade, felicidade, vontade". coisa boba. que eu falo mesmo, mas nunca explico, não expresso. palavrinhas que não passam de palavras e parece que você fez questão de dar significado pra cada uma delas. aí você deu significado pra mim e te odeio tanto. odeio tanto que dói e amargura, odeio tudo o que você fez e o que escreveu. odeio como mexe e como sinto que sou exatamente o que você escreve. essa balbúrdia e essa luta diária - tão diária quanto um copo de café - de permanecer vivo e feliz e só. e pra que mais, e o que mais? por que não, sim?
mas aí eu não consigo ficar sem ler quem você foi, porque você era tão bom e tenho vontade de me matar e ver se esse negócio de espaço-tempo é real mesmo, só pra saber se tem alguma chance de eu te conhecer e entender por que raios você foi assim e O QUE te fez ser assim e o que era você, porque CARA como pode, não pode, não é, não foi e fim. e chulamente repito: CARA, COMO?! não dá pra entender, não engulo e não absorvo suas palavras, deixo-as no ar e na mente: tento, no mínimo, não enlouquecer. não enlouquecer de doideira, mas enlouquecer de fraqueza que me dá a tamanha grandeza que você tem só por ter sido assim, desse jeitinho.
só que aí te amo. amo suas histórias, seus medos, suas fraquezas, suas recaídas, sua cara de pau e seu jeito escroto de ser tão amável. o pra sempre teu que cobra convites e o eternamente dela que transa com uma mulher e considera recaída. que sofre por ana e pede ana e suplica por ana como quem suplica pela volta do calor que fazia do café um café ainda bom [a única coisa boa que se restava] e não mais algo que já teve temperatura e é só mais um item requentado e sem graça da vida de quem perdeu um amor.
e, no fim, não te conheço.
e o dia não termina, mas quando percebo já é terça-feira e, céus!, quem roubou o final de semana? o sábado, pra onde foi? ninguém nunca dorme, ninguém nunca descansa, tem sempre alguém com a luz apagada sofrendo na maior clareza. coisa louca essa de viver.
mas aí eu não consigo ficar sem ler quem você foi, porque você era tão bom e tenho vontade de me matar e ver se esse negócio de espaço-tempo é real mesmo, só pra saber se tem alguma chance de eu te conhecer e entender por que raios você foi assim e O QUE te fez ser assim e o que era você, porque CARA como pode, não pode, não é, não foi e fim. e chulamente repito: CARA, COMO?! não dá pra entender, não engulo e não absorvo suas palavras, deixo-as no ar e na mente: tento, no mínimo, não enlouquecer. não enlouquecer de doideira, mas enlouquecer de fraqueza que me dá a tamanha grandeza que você tem só por ter sido assim, desse jeitinho.
só que aí te amo. amo suas histórias, seus medos, suas fraquezas, suas recaídas, sua cara de pau e seu jeito escroto de ser tão amável. o pra sempre teu que cobra convites e o eternamente dela que transa com uma mulher e considera recaída. que sofre por ana e pede ana e suplica por ana como quem suplica pela volta do calor que fazia do café um café ainda bom [a única coisa boa que se restava] e não mais algo que já teve temperatura e é só mais um item requentado e sem graça da vida de quem perdeu um amor.
e, no fim, não te conheço.
e o dia não termina, mas quando percebo já é terça-feira e, céus!, quem roubou o final de semana? o sábado, pra onde foi? ninguém nunca dorme, ninguém nunca descansa, tem sempre alguém com a luz apagada sofrendo na maior clareza. coisa louca essa de viver.
e nem é culpa de ninguém. é que eu tenho muita coisa pra ser aceita. não dá pra esperar que qualquer um ou só ALGUÉM aceite tudo assim de mão beijada. acho que a vida ainda vai me dar uns bons tapas pra eu entender que não é assim que a banda toca. e eu com certeza ainda vou birrar muito. "não é assim, vida. pô, de música eu entendo". e aí a vida vai dizer que eu não entendo p)@(¨$#% nenhuma e que eu tenho mais é que calar a boca e escutar. mas sei lá, não sei bem o que ela vai ensinar. e olha que eu costumo pesquisar.
as pessoas costumam dizer que eu sei tudo. quem diz isso não me conhece. quem me conhece sabe que eu não sei de quase nada. eu sei fazer contas de matemática e algumas coisas sobre divisão celular e história. big deal. nada disso me faz mais legal ou menos solitária. não que eu procure ser legal, nem que eu procure alguém que me faça sentir menos solitária. de quando em quando aparece alguém pra me divertir e imitar um agente do 007 com uma máquina de 13 mil reais. tanto faz o preço, gosto da imitação. adoro rir dessas coisas, faz com que eu me sinta menos solitária. a solidão é quase uma escolha. é o excesso de pessoas. o excesso de BARULHO e a falta de som.
é estranho como a gente nem se toca das coisas que acontecem ao nosso redor. você já parou pra pensar como vão as pessoas que trabalham com você? se elas estão felizes com o que fazem? se, ao chegar em casa, elas deitam na cama depois de um banho e agradecem por mais um dia?
eu me pergunto isso o tempo todo. tenho vontade de invadir a vida das pessoas e analisá-las uma a uma, para ver até onde vai a curiosidade humana - e a giovannística também, por favor.
a gente causa demais. fala demais, grita demais, ri demais.
sei lá, tá tudo em excesso.
e sei lá, eu tô meio fugindo dos excessos. sempre me disseram que a gente encontra quem completa a gente em um lugar cheio de gente. por isso acho que eu talvez nunca dê certo com ninguém. porque os dispostos se distraem, eu sei. mas e se a distração for boa? e a gente perder a hora? daí tudo bem, né? porque daí os dispostos são iguais e os opostos já se atraíram. é uma boa forma de ver as coisas, não?
talvez eu possa, um dia, dar certo com um disposto - quem sabe à quê?
as pessoas costumam dizer que eu sei tudo. quem diz isso não me conhece. quem me conhece sabe que eu não sei de quase nada. eu sei fazer contas de matemática e algumas coisas sobre divisão celular e história. big deal. nada disso me faz mais legal ou menos solitária. não que eu procure ser legal, nem que eu procure alguém que me faça sentir menos solitária. de quando em quando aparece alguém pra me divertir e imitar um agente do 007 com uma máquina de 13 mil reais. tanto faz o preço, gosto da imitação. adoro rir dessas coisas, faz com que eu me sinta menos solitária. a solidão é quase uma escolha. é o excesso de pessoas. o excesso de BARULHO e a falta de som.
é estranho como a gente nem se toca das coisas que acontecem ao nosso redor. você já parou pra pensar como vão as pessoas que trabalham com você? se elas estão felizes com o que fazem? se, ao chegar em casa, elas deitam na cama depois de um banho e agradecem por mais um dia?
eu me pergunto isso o tempo todo. tenho vontade de invadir a vida das pessoas e analisá-las uma a uma, para ver até onde vai a curiosidade humana - e a giovannística também, por favor.
a gente causa demais. fala demais, grita demais, ri demais.
sei lá, tá tudo em excesso.
e sei lá, eu tô meio fugindo dos excessos. sempre me disseram que a gente encontra quem completa a gente em um lugar cheio de gente. por isso acho que eu talvez nunca dê certo com ninguém. porque os dispostos se distraem, eu sei. mas e se a distração for boa? e a gente perder a hora? daí tudo bem, né? porque daí os dispostos são iguais e os opostos já se atraíram. é uma boa forma de ver as coisas, não?
talvez eu possa, um dia, dar certo com um disposto - quem sabe à quê?
Eu tenho medo de ficar sozinha. De excesso de barulho, de portas que batem sozinhas e de desistência. Tenho medo de ninguém me convencer a ser diferente e tenho medo de que as pessoas se acostumem com meu jeito. Medo de arriscar, sugerir, conferir, contar. Medo de não ser. Algo, alguém. Importante, desimportante. Alguém. Medo, ou receio, de não me conhecer. Medo de ouvir não. Medo de ouvir sim. Medo de ouvir. Medo de falar.
Fico feliz quando ouço música boa tocada por alguém que eu gosto. Quando consigo terminar todas as minhas tarefas no final do dia e ter tempo pra dormir. Quando termino as tarefas e fim. Quando ouço algo que me dá vontade de dançar. Quando o dia fica claro. Se dá pra ver que o romance é real e não é idiotice, fico feliz. De ver coisas coloridas. De encontrar gente sorridente. De ouvir histórias sobre cachorros enormes cujas donas dizem "ele é tão mansinho...". A felicidade me transborda quando sou capaz de escrever.
São muitas coisas sobre mim? Talvez sejam, não sei. Essas coisas, porém, não são importantes. Sim, é claro que elas compõem boa parte do meu "eu" e isso não é algo perene. Enfim. Acho que mais importante seria dizer o que me inspira pra escrever. O que me lembra quando o dia tá claro - razão pela qual fico feliz. Tenho mania de me perder nas consequências e esqueço das razões, sempre tão importantes. Nietzsche diz, em O Crepúsculo dos Ídolos, que erramos cotidianamente ao confundirmos razão, consequência e causa. Confundo muito, Nietzsche. Muito. Às vezes me dou por vencida e digo "tá, foi isso que deu", quando isso, (consequência) é, na verdade, razão. A razão, minha desistência, resultou em algo, causado por alguma outra coisa. Mas nunca penso nisso e acabo fazendo merda. Esquecendo que as coisas acontecem por uma razão e são causadas por alguma outra coisa. Ambos geram consequências.
É tão complicado pensar desse jeito. Gosto mais de não pensar. Nietzsche também diz, nesse mesmo livro, que "só permanece em paz aquele cuja alma não anseia pela paz". Posso e devo concordar.
Li, certa vez, que Cabeça cheia / cria nó, / mas / não cria pó. Indeed!
Só ainda não decidi qual seria melhor. Uma cabeça vazia, mas com paz e felicidade? Uma cabeça cheia, porém inquieta e possivelmente depreciativa?
Não sei até onde eu iria pelo conhecimento. Tristeza domina e afugenta. Diminui.
A indecisão apavora e me mete numa gaveta de calcinhas. Sabe, aquela gaveta que quase ninguém vê, mas você sabe que precisa abri-la sempre? Pois bem. A indecisão me mete bem ali, no fundo de todo o meu pessoal, no que está por detrás da calça jeans e da saia até o pé. A dúvida esquece do azul-vermelho que combina e me coloca numa calcinha cor-de-rosa e diz: e aí? Essa é você. O pessoal. Aqui é teu mundo. Se vira. Se descobre. Se entende.
A dúvida é cruel.
Mas, ainda pior que a dúvida, é a razão. Essa que diz: sabe aquela tua dúvida? Pois bem, nos livramos dela. E essa é você. Imutável. Está feliz? Sim? Não? Não importa. É assim. E é porque é assim que tem que ser e tem que ser assim, porque você escolheu ser.
E sei lá, daí pra frente você se vira. Você se adapta à razão que pode, por vezes, te cegar e te prender num quadradinho limitado; ou se mete de novo numa gaveta de calcinhas e tenta separar tudo no que é razão, no que é consequência, no que é causa. No que isso te transforma, no que isso te faz, no que isso te fez. No que isso é.
Acho que mais um dos meus medos é esse: Medo de um dia ter certeza. Parar de duvidar e começar a afirmar. Vai ficar tudo tão quadradinho e separado por cor que vou me perder.
Até lá, vou aqui tentando me ajustar às certezas e organizar as dúvidas. Quem sabe não exista um meio termo.
Fico feliz quando ouço música boa tocada por alguém que eu gosto. Quando consigo terminar todas as minhas tarefas no final do dia e ter tempo pra dormir. Quando termino as tarefas e fim. Quando ouço algo que me dá vontade de dançar. Quando o dia fica claro. Se dá pra ver que o romance é real e não é idiotice, fico feliz. De ver coisas coloridas. De encontrar gente sorridente. De ouvir histórias sobre cachorros enormes cujas donas dizem "ele é tão mansinho...". A felicidade me transborda quando sou capaz de escrever.
São muitas coisas sobre mim? Talvez sejam, não sei. Essas coisas, porém, não são importantes. Sim, é claro que elas compõem boa parte do meu "eu" e isso não é algo perene. Enfim. Acho que mais importante seria dizer o que me inspira pra escrever. O que me lembra quando o dia tá claro - razão pela qual fico feliz. Tenho mania de me perder nas consequências e esqueço das razões, sempre tão importantes. Nietzsche diz, em O Crepúsculo dos Ídolos, que erramos cotidianamente ao confundirmos razão, consequência e causa. Confundo muito, Nietzsche. Muito. Às vezes me dou por vencida e digo "tá, foi isso que deu", quando isso, (consequência) é, na verdade, razão. A razão, minha desistência, resultou em algo, causado por alguma outra coisa. Mas nunca penso nisso e acabo fazendo merda. Esquecendo que as coisas acontecem por uma razão e são causadas por alguma outra coisa. Ambos geram consequências.
É tão complicado pensar desse jeito. Gosto mais de não pensar. Nietzsche também diz, nesse mesmo livro, que "só permanece em paz aquele cuja alma não anseia pela paz". Posso e devo concordar.
Li, certa vez, que Cabeça cheia / cria nó, / mas / não cria pó. Indeed!
Só ainda não decidi qual seria melhor. Uma cabeça vazia, mas com paz e felicidade? Uma cabeça cheia, porém inquieta e possivelmente depreciativa?
Não sei até onde eu iria pelo conhecimento. Tristeza domina e afugenta. Diminui.
A indecisão apavora e me mete numa gaveta de calcinhas. Sabe, aquela gaveta que quase ninguém vê, mas você sabe que precisa abri-la sempre? Pois bem. A indecisão me mete bem ali, no fundo de todo o meu pessoal, no que está por detrás da calça jeans e da saia até o pé. A dúvida esquece do azul-vermelho que combina e me coloca numa calcinha cor-de-rosa e diz: e aí? Essa é você. O pessoal. Aqui é teu mundo. Se vira. Se descobre. Se entende.
A dúvida é cruel.
Mas, ainda pior que a dúvida, é a razão. Essa que diz: sabe aquela tua dúvida? Pois bem, nos livramos dela. E essa é você. Imutável. Está feliz? Sim? Não? Não importa. É assim. E é porque é assim que tem que ser e tem que ser assim, porque você escolheu ser.
E sei lá, daí pra frente você se vira. Você se adapta à razão que pode, por vezes, te cegar e te prender num quadradinho limitado; ou se mete de novo numa gaveta de calcinhas e tenta separar tudo no que é razão, no que é consequência, no que é causa. No que isso te transforma, no que isso te faz, no que isso te fez. No que isso é.
Acho que mais um dos meus medos é esse: Medo de um dia ter certeza. Parar de duvidar e começar a afirmar. Vai ficar tudo tão quadradinho e separado por cor que vou me perder.
Até lá, vou aqui tentando me ajustar às certezas e organizar as dúvidas. Quem sabe não exista um meio termo.
Acho que a gente tá na idade. Sabe? Dessa chatice toda, de ficar de bico por bobagem, de ouvir banda mel na cueca e de achar que sabe todas as respostas. E juro que adolescente assim não me preocupa. Me preocupa adolescente com bom gosto. Me preocupa adolescente que sabe o que quer da vida e que lê, ouve e fala coisa boa.
Porque ninguém aprende a ser bom assim de graça... quem ensina que "você faz com que eu me sinta lalalalalalala" não é poesia, não é amorzinho de adolescente.
É surra que a mãe Vida da na gente.
E sei la, tá na idade de ser bobão mesmo. Hora ou outra cresce. Hora ou outra aprende.
Só é ruim quando aprende tão cedo que perde o tesão pela vida.
Acho importante a gente ter tesão pelas coisas. Não necessariamente falando de libido. Digo tesão, aquele TCHÃN que da quando cê gosta demais de algo. Que inspira, anima, objetiva a gente pra algo legal...
Quando perde isso cedo demais, acaba ficando meio chata. A vida fica meio babaca... perde a graça.
Qual o fundamento? Tem objetivo?
Sei lá.
Sei não.
Só sei que queria nem ligar pra isso...
Daria os rins pra não ligar pras coisas que eu ligo. E meu baço pra adiar por uns 5 anos a noção que eu tenho das coisas.
Ia me evitar muita coisa...
Pena que as coisas acontecem por alguma razão que vai ensinar algo depois... E ainda bem que eu gosto de aprender.
Porque ninguém aprende a ser bom assim de graça... quem ensina que "você faz com que eu me sinta lalalalalalala" não é poesia, não é amorzinho de adolescente.
É surra que a mãe Vida da na gente.
E sei la, tá na idade de ser bobão mesmo. Hora ou outra cresce. Hora ou outra aprende.
Só é ruim quando aprende tão cedo que perde o tesão pela vida.
Acho importante a gente ter tesão pelas coisas. Não necessariamente falando de libido. Digo tesão, aquele TCHÃN que da quando cê gosta demais de algo. Que inspira, anima, objetiva a gente pra algo legal...
Quando perde isso cedo demais, acaba ficando meio chata. A vida fica meio babaca... perde a graça.
Qual o fundamento? Tem objetivo?
Sei lá.
Sei não.
Só sei que queria nem ligar pra isso...
Daria os rins pra não ligar pras coisas que eu ligo. E meu baço pra adiar por uns 5 anos a noção que eu tenho das coisas.
Ia me evitar muita coisa...
Pena que as coisas acontecem por alguma razão que vai ensinar algo depois... E ainda bem que eu gosto de aprender.
Eu continuo falando pra mim mesma que tá tudo bem ser assim, mas eu sei. Eu sou bem babaca. Eu devia ir lá e dizer. Vomitar tudo. Parar de esconder o que é bom pra mim. Talvez o que é bom pra mim possa se tornar bom pra gente. Quem sabe? Vai lá, Eu.
Você devia ir antes que não haja mais chance. E vou te falar, ein? Elas nunca foram muito grandes. Mas tá tudo bem ser fracote de vez em quando, não tá?
Sei lá. Só sei que essa coisa de guardar tudo pra mim tá me enlouquecendo. E até engordando. É sério. Brinca não. Desilusão engorda.
Então se joga, Eu. Confessa logo que ele é tudo o que você sempre quis e nunca teve coragem de pedir. Você sabe que tem tesão por confissões. Vai lá. Sua hora de confessar algo. Vai. É sua.
Escrevi isso em papel. Deus, como sinto falta de papel. Papel, caneta, silêncio, Eu. Dessa vez, só papel e caneta. Faltou o Eu, faltou o silêncio. Uma coisa de cada vez. Vai que volta, né?
Você devia ir antes que não haja mais chance. E vou te falar, ein? Elas nunca foram muito grandes. Mas tá tudo bem ser fracote de vez em quando, não tá?
Sei lá. Só sei que essa coisa de guardar tudo pra mim tá me enlouquecendo. E até engordando. É sério. Brinca não. Desilusão engorda.
Então se joga, Eu. Confessa logo que ele é tudo o que você sempre quis e nunca teve coragem de pedir. Você sabe que tem tesão por confissões. Vai lá. Sua hora de confessar algo. Vai. É sua.
Escrevi isso em papel. Deus, como sinto falta de papel. Papel, caneta, silêncio, Eu. Dessa vez, só papel e caneta. Faltou o Eu, faltou o silêncio. Uma coisa de cada vez. Vai que volta, né?
Não, não é que eu esteja sempre de mau humor. Não é isso. Eu sou feliz. Eu me animo fácil. Eu adoro o sol, adoro como se põe ou nasce. Adoro a cor do mar e adoro os pássaros voando. Acho que as coisas da natureza funcionam em perfeita sintonia e isso me deixa feliz como nada mais. É só que eu tenho me acostumado com essa beleza tão rápido que fico sensível a qualquer coisa. Esse mundo dá pra gente muita coisa ruim. A sensibilidade absorve coisas ruins. Me torno alguém sensível. E pessoas sensíveis são como bolhas: lindas, bonitas de se observar. Voam sozinhas por aí. Coloridas, até. Experimente tocá-las.
Então, como Criminal Minds tava me cagando as ideias e me deixando um pouco paranóica [a ponto de não conseguir dormir achando que um serial killer que matava só pessoas do segundo andar da casa que estivessem dormindo durante a noite], mudei de série. Agora tô vendo uma mais light. 90210. Se você não sabe e nunca ouviu falar, existem duas edições da 90210: a antiga, com a família Walsh, que tem uma definição péssima e umas intrigas bobinhas; e a versão dos anos 2000 que é tipo Gossip Girl, um pouco menos estúpido e... Pretty Little Liars. Hahahaha.
Enfim.
Tem essa menina, a Naomi, em 90210. Ela é tipo a Blair. A versão feia da Blair. E loira. E escrota, também. Porque a Blair, apesar de escrota, tem sentimentos. Essa Naomi tem só dinheiro.
Deve ser uma merda ter só dinheiro. Porque, geralmente, quando você tem dinheiro, você convive com pessoas que tem dinheiro e daí você é só mais um idiota com dinheiro no meio de um monte de idiotas com dinheiro. Yupi! E eu sei que eu só digo isso porque eu não tenho tanto dinheiro. Mas... screw it.
Eu não ligo pra grana. Não ligo mesmo. Uso meu salário pra comprar os livros que eu gosto e os pães de mel que tanto me engordam e é isso aí.
Gosto muito de ter dinheiro pra comprar tudo o que eu quero, gosto mesmo. Mas vivo bem com meu salariozinho medíocre, obrigada por perguntar. Não acho que precisemos de algo mais.
E essas menininhas de 90210 se preocupam tanto com isso que fico imaginando: tudo isso tem a ver com o meio. O meio onde você tá sempre vai te influenciar, independentemente de quão forte e fixado é teu caráter.
E eu fui influenciada por alguém incrível por alguns anos. Incrível.
E aí ele sumiu, não tá mais aqui pra me influenciar. E parece que a gente fica meio sem rumo. O meio mudou. Mudou pra mim. Porque o meio em si sempre esteve lá.
Eu só nunca me importei.
Agora tenho que me importar.
Porque, apesar de há quase um ano estar sem saber o que fazer, tenho feito muito. Tô há quase um ano sem saber como viver, mas vivendo. Levando. Encarando. Sem saber pra onde ir, mas seguindo sempre em frente.
E morrendo de medo de virar uma Alice, sem o país das maravilhas. Que quer sair, mas não sabe pra onde vai depois disso. Pra quem não sabe pra onde vai, qualquer caminho é caminho.
E eu sempre soube pra onde ir. E ando meio perdida, sem rumo.
Isso é horrível.
Quem foi que disse que ostra feliz não faz pérola?
Eu, quando feliz, faço muito mais pérola do que quando triste. Eu triste me isolo. Meu meio vira eu. E quando eu me perco no meu meio isso vira um problema.
Porque eu me perco em mim e URGH, I'm a mess. Só escrevo bobagens, meus rabiscos são cruéis.
Caio diria: "E ler, ler é alimento de quem escreve. Várias vezes você me disse que não conseguia mais ler. Que não gostava mais de ler. Se não gostar de ler, como vai gostar de escrever? Ou escreva então para destruir o texto, mas alimente-se. Fartamente. Depois vomite. Pra mim, e isso pode ser muito pessoal, escrever é enfiar um dedo na garganta. Depois, claro, você peneira essa gosma, amolda-a, transforma. Pode sair até uma flor. Mas o momento decisivo é o dedo na garganta. E eu acho — e posso estar enganado — que é isso que você não tá conseguindo fazer. Como é que é? Vai ficar com essa náusea seca a vida toda? E não fique esperando que alguém faça isso por você. Ocê sabe, na hora do porre brabo, não há nenhum dedo alheio disposto a entrar na garganta da gente."
Isso é tudo. Boa noite.
Enfim.
Tem essa menina, a Naomi, em 90210. Ela é tipo a Blair. A versão feia da Blair. E loira. E escrota, também. Porque a Blair, apesar de escrota, tem sentimentos. Essa Naomi tem só dinheiro.
Deve ser uma merda ter só dinheiro. Porque, geralmente, quando você tem dinheiro, você convive com pessoas que tem dinheiro e daí você é só mais um idiota com dinheiro no meio de um monte de idiotas com dinheiro. Yupi! E eu sei que eu só digo isso porque eu não tenho tanto dinheiro. Mas... screw it.
Eu não ligo pra grana. Não ligo mesmo. Uso meu salário pra comprar os livros que eu gosto e os pães de mel que tanto me engordam e é isso aí.
Gosto muito de ter dinheiro pra comprar tudo o que eu quero, gosto mesmo. Mas vivo bem com meu salariozinho medíocre, obrigada por perguntar. Não acho que precisemos de algo mais.
E essas menininhas de 90210 se preocupam tanto com isso que fico imaginando: tudo isso tem a ver com o meio. O meio onde você tá sempre vai te influenciar, independentemente de quão forte e fixado é teu caráter.
E eu fui influenciada por alguém incrível por alguns anos. Incrível.
E aí ele sumiu, não tá mais aqui pra me influenciar. E parece que a gente fica meio sem rumo. O meio mudou. Mudou pra mim. Porque o meio em si sempre esteve lá.
Eu só nunca me importei.
Agora tenho que me importar.
Porque, apesar de há quase um ano estar sem saber o que fazer, tenho feito muito. Tô há quase um ano sem saber como viver, mas vivendo. Levando. Encarando. Sem saber pra onde ir, mas seguindo sempre em frente.
E morrendo de medo de virar uma Alice, sem o país das maravilhas. Que quer sair, mas não sabe pra onde vai depois disso. Pra quem não sabe pra onde vai, qualquer caminho é caminho.
E eu sempre soube pra onde ir. E ando meio perdida, sem rumo.
Isso é horrível.
Quem foi que disse que ostra feliz não faz pérola?
Eu, quando feliz, faço muito mais pérola do que quando triste. Eu triste me isolo. Meu meio vira eu. E quando eu me perco no meu meio isso vira um problema.
Porque eu me perco em mim e URGH, I'm a mess. Só escrevo bobagens, meus rabiscos são cruéis.
Caio diria: "E ler, ler é alimento de quem escreve. Várias vezes você me disse que não conseguia mais ler. Que não gostava mais de ler. Se não gostar de ler, como vai gostar de escrever? Ou escreva então para destruir o texto, mas alimente-se. Fartamente. Depois vomite. Pra mim, e isso pode ser muito pessoal, escrever é enfiar um dedo na garganta. Depois, claro, você peneira essa gosma, amolda-a, transforma. Pode sair até uma flor. Mas o momento decisivo é o dedo na garganta. E eu acho — e posso estar enganado — que é isso que você não tá conseguindo fazer. Como é que é? Vai ficar com essa náusea seca a vida toda? E não fique esperando que alguém faça isso por você. Ocê sabe, na hora do porre brabo, não há nenhum dedo alheio disposto a entrar na garganta da gente."
Isso é tudo. Boa noite.
eu queria ser menos preguiçosa
não se cobre tanto. seja gente. gente falha e imbecil. gente como gente tem que ser.
Ai, eu não gosto de academia. Parece que ta todo mundo disputando pra ver quem corre mais, quem é mais sarado, quem aguenta mais peso.
Mas eu faço mesmo assim, porque preciso. Minha resistência é baixa e eu tenho algumas doenças crônicas [e algumas que eu só adquiri ao longo da vida] que não me permitem levar uma vida sedentária. Infelizmente.
Faço estúdio de pilates e natação, uma vez por semana cada um. E nos outros dias procuro pelo menos andar meia horinha na esteira, só pra me cansar um pouco e me dar vontade de dormir sem pensar besteira.
Essa é a parte mais legal da academia: enche a cabeça de coisa inútil e não deixa a gente pensar naquelas coisas que, eventualmente, nos deixariam pra baixo [vale lembrar que faço academia a noite e estamos no inverno].
Se mente vazia é oficina do inferno, mente cheia é oficina de quem? Ou do que, sei lá. Essas coisas de que nosso pensamento é obrigatoriamente comandado por alguém enche meu saco, digo mesmo. Ah ma vá ver se to na esquina! Se nego vê novela é porque é alienado, se não vê é porque se julga culto demais. Se permanece imparcial, não tem opinião.
Voces tem estado muito chatos ultimamente.
Ao meu lado, corre a loirinha de farmácia com seios GG.
O pessoal de academia é todo estereotipado: magricelo ou fortão; gordinha ou saradona. Os meios termos: (EU) são tao poucos que fico meio assustada. As pessoas normais estão desaparecendo ou o que????!!!!
E tipo, tá, legal, 'cê tem um corpo bacana, come bem, legal.
Isso te faz melhor por que? Você muda algo no mundo quando ta assim? Ou é só teu ego mesmo? Porque juro que tento entender.
Não nasci pra malhar o corpo. Malho pra conseguir respirar.
Nasci pra malhar o cérebro. Acho que é por isso que sou meio testuda.
Tá calor.
Tô preocupada. Sabe? Quero ajudar, mas parece que não da, algo me diz que não devo. Não sei o que, não sei porquê. "Deixa crescer sozinho", parte de mim diz. "Mas ele pode querer correr antes de engatinhar e esbofetear a cara no chão", o resto explica.
Fico confusa.
Tá calor.
Cansei de correr.
Quero dormir.
Giovanna Marques, via celular, correndo enquanto escreve e vê um pôr-do-sol bonitão.
Mas eu faço mesmo assim, porque preciso. Minha resistência é baixa e eu tenho algumas doenças crônicas [e algumas que eu só adquiri ao longo da vida] que não me permitem levar uma vida sedentária. Infelizmente.
Faço estúdio de pilates e natação, uma vez por semana cada um. E nos outros dias procuro pelo menos andar meia horinha na esteira, só pra me cansar um pouco e me dar vontade de dormir sem pensar besteira.
Essa é a parte mais legal da academia: enche a cabeça de coisa inútil e não deixa a gente pensar naquelas coisas que, eventualmente, nos deixariam pra baixo [vale lembrar que faço academia a noite e estamos no inverno].
Se mente vazia é oficina do inferno, mente cheia é oficina de quem? Ou do que, sei lá. Essas coisas de que nosso pensamento é obrigatoriamente comandado por alguém enche meu saco, digo mesmo. Ah ma vá ver se to na esquina! Se nego vê novela é porque é alienado, se não vê é porque se julga culto demais. Se permanece imparcial, não tem opinião.
Voces tem estado muito chatos ultimamente.
Ao meu lado, corre a loirinha de farmácia com seios GG.
O pessoal de academia é todo estereotipado: magricelo ou fortão; gordinha ou saradona. Os meios termos: (EU) são tao poucos que fico meio assustada. As pessoas normais estão desaparecendo ou o que????!!!!
E tipo, tá, legal, 'cê tem um corpo bacana, come bem, legal.
Isso te faz melhor por que? Você muda algo no mundo quando ta assim? Ou é só teu ego mesmo? Porque juro que tento entender.
Não nasci pra malhar o corpo. Malho pra conseguir respirar.
Nasci pra malhar o cérebro. Acho que é por isso que sou meio testuda.
Tá calor.
Tô preocupada. Sabe? Quero ajudar, mas parece que não da, algo me diz que não devo. Não sei o que, não sei porquê. "Deixa crescer sozinho", parte de mim diz. "Mas ele pode querer correr antes de engatinhar e esbofetear a cara no chão", o resto explica.
Fico confusa.
Tá calor.
Cansei de correr.
Quero dormir.
Giovanna Marques, via celular, correndo enquanto escreve e vê um pôr-do-sol bonitão.
era uma vez um amigo. e esse amigo tinha um irmão. e então eu mudo o começo da história:
era uma vez o irmão de um amigo, alguém que eu conheci. alguém assim, legal, conversável, interessante.
inteligente.
biólogo, aliás.
guitarrista.
baterista.
pianista.
viajado, vivido.
bom gosto musical.
25 anos.
bacana.
e tá. daí descobri que, além dessas coisas era, também, bêbado. muito. e gostava de beber, chegar em casa e ligar o skype pra quem Deus mandasse pra contar seus problemas.
tudo falta de psicólogo. sempre falei.
enfim.
daí uma vez foi assim:
oi tudo bem sou o lucas estou bêbado. oi eu sei você tá sempre assim sou a giovanna e te conheço. eu não tô sempre bêbado. tá sim, lucas. só a noite. ou seja. de dia eu trabalho.
e ria.
lucas, vai tomar um banho. não quero, você não é minha mãe. nem se fosse. é.
e gargalhava.
o que você bebeu? sei lá, cara. irresponsável. pirralha, não me manda.
e desligou.
e eu cansei e fui dormir.
e aí meu celular tocou.
giovanna, volta pro skype que te aluguei. não volto. não desligo.
desliguei. ligou de novo.
e é aí que a história realmente começa:
era uma vez o irmão bêbado de um amigo.
ele era legal, até quando tava bêbado e me ligava no meio da madrugada pra contar da ex-namorada. e aí eu sempre pensava em como eu podia ajudá-lo, mas eu nunca podia. até porque o problema só era um problema quando ele tava sóbrio e isso só acontecia enquanto ele trabalhava - e nós não conversávamos. e depois de umas trinta noites dele me ligando bêbado sempre, resolvi ligar pra ele no intervalo do trabalho pra dizer algumas coisas.
lucas, pára de beber. não quero. por um dia. não consigo. tenta. não. você é um fraco. eu sei. a nicole não é tudo isso. como você sabe dela? você contou. vou parar de beber.
e aí ele passou umas duas semanas sem beber e ele era legal mesmo assim.
e aí eu precisei da ajuda dele e ele tava sóbrio. e foi muito legal.
mas aí ele saiu pra beber de novo. e, cara, pára! não, não quero.
isso durou uns três meses, até que ele parou. parou mesmo, parou do nada, não bebia e ficava lá, lendo e estudando.
e quando eu perguntava CÉUS, POR QUE, CÉUS? O QUE HOUVE EM SUA MENTE, HOMEM?
ele dizia: cansei, a fase passou. e eu duvidava: passou, é? tá. dura um mês.
durou sete.
sete meses sem beber, pra um cara que eu conheci bêbado e só vi sóbrio quando estava de ressaca.
e aí era legal, porque ele veio me ver pra entender porque ele gostava tanto de conversar comigo; achando que vendo meus 1,57m da época mudaria a ideia: não mudou. passamos horas conversando e foi ainda mais legal. e tal.
acabamos melhores amigos. me carregava pelos quatro cantos nas costas. eu e minhas loucuras. nós e nossas loucuras. essas coisas de melhor amigo: passar horas ouvindo falar do problema do outro e aí revezava. é sua vez, vai. ai, não quero. quer sim, fala logo. tá, vou falar.
e falava muito. ele sempre falou demais. todo mundo sempre fala demais.
e era legal correr com ele em quarto de hotel e rir pelos quatro cantos quando a recepção pedia pra abaixar o volume. parecia pré-escola.
vinte sete anos era até que uma idade legal pra se morrer. devia ser. tem a ligação com os astros do rock e tal. uhu.
mas aí eu senti falta, ixi. tanto. doía, dói, corrói. é tão ruim. não dá nem pra superar. nem sou eu que remoo, é tudo. tudo me lembra quem eu era um ano atrás e, ai. gosto não. mas daí eu olho pra frente e lembro de você e rio, sorrio, gargalho. dá uma saudade! ouço música e canto junto, fingindo que cê ainda tá ali. mas não tá mais, não. cê foi e não volta. cê foi porque quis. cê pagou a passagem e se mandou, sem volta, sem remendo. tá aí: cê foi porque quis, não vou sofrer porque também não quero. e dane-se.
e pumba, te odeio. odeio tanto. odeio tanto que te amo três vezes mais.
ah, lucas, por que, ein? podia me dizer. cê me pegou numa fase tão doída quando a gente se conheceu. pode ser doida também. o acento não muda muita coisa. eu tava meio assim, tava meio descontrolada. cê me ajeitou. só que daí eu fico meio pensando, sabe? como que cê deve ter ficado quando eu te disse que seguia teus conselhos só porque achava que eles eram bons. o problema nem foi esse, foi mais ter dito que cê mesmo não seguia. teu primeiro conselho sempre foi pra eu aprender a viver no escuro, faz bem. é, sempre fez, pra mim funcionou. o que mudou? nem sei. viu? já te amo de novo. e sinto falta. e dói.
mas aí volta e, não, tá tudo bem. tudo bem sentir dor e não querer levantar. mas vai, pega impulso, levanta, vai, anda, caminha, olha pra frente. faz isso aí: olha pra frente, porque se olhar pro chão só vai ver resto. olha pra frente que cê vê o mundo. isso. assim. certo.
e esquece o que foi. olha pro que vai ser. deixa isso de aprendizado. às vezes, a gente se apega e as pessoas não se apegam o bastante pra ficarem por perto. tá tudo bem. fez bem. fazer o quê? não dá pra voltar.
só tenho pena. pena de mim, que tanto passei pra aprender que não precisava ter passado por nem um quarto pra entender que você nunca mereceu nada disso. bobeira minha seria tentar mentir pra mim mesma e dizer que não sinto sua falta e nunca mais vou sentir. você me deixou um rombo, lu. deixou mesmo. mas hora ou outra fecha. cicatriza. como é que cê chamava esses rombos? tecido de revestimento, acho. que se renova sozinho. é quase isso. sou meio diabética, talvez.
nunca fiz o teste.
devo ser. pelo jeito, sou.
e chega.
cansei de sofrer.
e aí tá o fim, enfim.
era uma vez o irmão de um amigo, alguém que eu conheci. alguém assim, legal, conversável, interessante.
inteligente.
biólogo, aliás.
guitarrista.
baterista.
pianista.
viajado, vivido.
bom gosto musical.
25 anos.
bacana.
e tá. daí descobri que, além dessas coisas era, também, bêbado. muito. e gostava de beber, chegar em casa e ligar o skype pra quem Deus mandasse pra contar seus problemas.
tudo falta de psicólogo. sempre falei.
enfim.
daí uma vez foi assim:
oi tudo bem sou o lucas estou bêbado. oi eu sei você tá sempre assim sou a giovanna e te conheço. eu não tô sempre bêbado. tá sim, lucas. só a noite. ou seja. de dia eu trabalho.
e ria.
lucas, vai tomar um banho. não quero, você não é minha mãe. nem se fosse. é.
e gargalhava.
o que você bebeu? sei lá, cara. irresponsável. pirralha, não me manda.
e desligou.
e eu cansei e fui dormir.
e aí meu celular tocou.
giovanna, volta pro skype que te aluguei. não volto. não desligo.
desliguei. ligou de novo.
e é aí que a história realmente começa:
era uma vez o irmão bêbado de um amigo.
ele era legal, até quando tava bêbado e me ligava no meio da madrugada pra contar da ex-namorada. e aí eu sempre pensava em como eu podia ajudá-lo, mas eu nunca podia. até porque o problema só era um problema quando ele tava sóbrio e isso só acontecia enquanto ele trabalhava - e nós não conversávamos. e depois de umas trinta noites dele me ligando bêbado sempre, resolvi ligar pra ele no intervalo do trabalho pra dizer algumas coisas.
lucas, pára de beber. não quero. por um dia. não consigo. tenta. não. você é um fraco. eu sei. a nicole não é tudo isso. como você sabe dela? você contou. vou parar de beber.
e aí ele passou umas duas semanas sem beber e ele era legal mesmo assim.
e aí eu precisei da ajuda dele e ele tava sóbrio. e foi muito legal.
mas aí ele saiu pra beber de novo. e, cara, pára! não, não quero.
isso durou uns três meses, até que ele parou. parou mesmo, parou do nada, não bebia e ficava lá, lendo e estudando.
e quando eu perguntava CÉUS, POR QUE, CÉUS? O QUE HOUVE EM SUA MENTE, HOMEM?
ele dizia: cansei, a fase passou. e eu duvidava: passou, é? tá. dura um mês.
durou sete.
sete meses sem beber, pra um cara que eu conheci bêbado e só vi sóbrio quando estava de ressaca.
e aí era legal, porque ele veio me ver pra entender porque ele gostava tanto de conversar comigo; achando que vendo meus 1,57m da época mudaria a ideia: não mudou. passamos horas conversando e foi ainda mais legal. e tal.
acabamos melhores amigos. me carregava pelos quatro cantos nas costas. eu e minhas loucuras. nós e nossas loucuras. essas coisas de melhor amigo: passar horas ouvindo falar do problema do outro e aí revezava. é sua vez, vai. ai, não quero. quer sim, fala logo. tá, vou falar.
e falava muito. ele sempre falou demais. todo mundo sempre fala demais.
e era legal correr com ele em quarto de hotel e rir pelos quatro cantos quando a recepção pedia pra abaixar o volume. parecia pré-escola.
vinte sete anos era até que uma idade legal pra se morrer. devia ser. tem a ligação com os astros do rock e tal. uhu.
mas aí eu senti falta, ixi. tanto. doía, dói, corrói. é tão ruim. não dá nem pra superar. nem sou eu que remoo, é tudo. tudo me lembra quem eu era um ano atrás e, ai. gosto não. mas daí eu olho pra frente e lembro de você e rio, sorrio, gargalho. dá uma saudade! ouço música e canto junto, fingindo que cê ainda tá ali. mas não tá mais, não. cê foi e não volta. cê foi porque quis. cê pagou a passagem e se mandou, sem volta, sem remendo. tá aí: cê foi porque quis, não vou sofrer porque também não quero. e dane-se.
e pumba, te odeio. odeio tanto. odeio tanto que te amo três vezes mais.
ah, lucas, por que, ein? podia me dizer. cê me pegou numa fase tão doída quando a gente se conheceu. pode ser doida também. o acento não muda muita coisa. eu tava meio assim, tava meio descontrolada. cê me ajeitou. só que daí eu fico meio pensando, sabe? como que cê deve ter ficado quando eu te disse que seguia teus conselhos só porque achava que eles eram bons. o problema nem foi esse, foi mais ter dito que cê mesmo não seguia. teu primeiro conselho sempre foi pra eu aprender a viver no escuro, faz bem. é, sempre fez, pra mim funcionou. o que mudou? nem sei. viu? já te amo de novo. e sinto falta. e dói.
mas aí volta e, não, tá tudo bem. tudo bem sentir dor e não querer levantar. mas vai, pega impulso, levanta, vai, anda, caminha, olha pra frente. faz isso aí: olha pra frente, porque se olhar pro chão só vai ver resto. olha pra frente que cê vê o mundo. isso. assim. certo.
e esquece o que foi. olha pro que vai ser. deixa isso de aprendizado. às vezes, a gente se apega e as pessoas não se apegam o bastante pra ficarem por perto. tá tudo bem. fez bem. fazer o quê? não dá pra voltar.
só tenho pena. pena de mim, que tanto passei pra aprender que não precisava ter passado por nem um quarto pra entender que você nunca mereceu nada disso. bobeira minha seria tentar mentir pra mim mesma e dizer que não sinto sua falta e nunca mais vou sentir. você me deixou um rombo, lu. deixou mesmo. mas hora ou outra fecha. cicatriza. como é que cê chamava esses rombos? tecido de revestimento, acho. que se renova sozinho. é quase isso. sou meio diabética, talvez.
nunca fiz o teste.
devo ser. pelo jeito, sou.
e chega.
cansei de sofrer.
e aí tá o fim, enfim.
ai, que dia mais chato que foi hoje.
daí que meu celular resolveu pifar. eu o comprei faz UMA semana. ele tá desligando sozinho. talvez seja mal contato. torço pra que seja.
mas aí tem também que cê fica aí rondando minhas ideias. e aí eu penso e puff, te gosto. e gosto muito, céus. e aí cê some e fica tudo bem. meu humor estabiliza e eu faço as coisas de um jeito normal. e do nada toca a campainha, toca o telefone, eu olho pra parede ou minha mente simplesmente te liga com algo randômico e PUMBA!, tô contigo na cabeça de novo. as coisas ficam mais confortáveis, admito. você daria um belo travesseiro. aí eu fico querendo que você tome alguma atitude, que faça algo, que saia de dentro de um bolo; sei lá, se mexe, se vira, anda, corre, pula, grita! aí cê continua na minha cabeça, mas daí eu já não gosto mais tanto assim de você.
a luana me ligou e tal, pra gente conversar E TAL. e tal.
daí tá.
não tenho mais nada pra falar.
foi só pra botar algo aqui hoje...
aqui vai uma música bonitinha pro dia:
daí que meu celular resolveu pifar. eu o comprei faz UMA semana. ele tá desligando sozinho. talvez seja mal contato. torço pra que seja.
mas aí tem também que cê fica aí rondando minhas ideias. e aí eu penso e puff, te gosto. e gosto muito, céus. e aí cê some e fica tudo bem. meu humor estabiliza e eu faço as coisas de um jeito normal. e do nada toca a campainha, toca o telefone, eu olho pra parede ou minha mente simplesmente te liga com algo randômico e PUMBA!, tô contigo na cabeça de novo. as coisas ficam mais confortáveis, admito. você daria um belo travesseiro. aí eu fico querendo que você tome alguma atitude, que faça algo, que saia de dentro de um bolo; sei lá, se mexe, se vira, anda, corre, pula, grita! aí cê continua na minha cabeça, mas daí eu já não gosto mais tanto assim de você.
a luana me ligou e tal, pra gente conversar E TAL. e tal.
daí tá.
não tenho mais nada pra falar.
foi só pra botar algo aqui hoje...
aqui vai uma música bonitinha pro dia:
Alto aqui do sétimo andar
Longe, eu via você
E a luz desperdiçada de manhã
Num copo de café
quando eu criei esse blog, eu queria sair um pouco da cara de "sou culta e mala, passo o dia inteiro lendo e tomando chá verde em xícaras tamanho PP". aqui, sempre tentei ser um pouco mais "entra aí, pega uma caneca, enche de café e vamos descobrir a vida juntos". é mais legal assim, não é?
enfim.
esses tempos eu venho assistindo criminal minds que nem doida. eu sei que isso é meio absurdo, já que eu gosto de coisa mimimi pra assistir, mas vamos combinar: o dr. reid é uma coisa linda. não era pra isso que eu vim falar de criminal minds.
então, eu tava vendo esses dias, aí o episódio era sobre um cara que simulava acidentes de carro para que seus homicídios parecessem ocasionais ou, mais tarde, suicídios. a equipe notou que isso não poderia ser real, porque as pessoas assassinadas tinham sentido para continuarem vivas.
elas tinham filhos, tinham carreira, emprego. elas pareciam felizes.
as famílias, fragilizadas, perguntaram-se o episódio inteiro: ele parecia feliz ou ele era, de fato, feliz?
e aí eu fiquei me perguntando: será que todo mundo tem mesmo um significado pra viver? será mesmo que se um desses serial killers me matarem alguém acreditará que foi um homicídio?
porque eu sou feliz.
juro pra vocês.
ou pra você.
ou pra quem for.
ou pra quem tiver que ser.
eu sou feliz.
eu sei que tô com cara feia esses tempos, nem eu tô me aguentando. é que tá tudo tão bagunçado que fico meio assim. mas eu tô aí, tô me jogando no cícero e no john mayer como se não houvesse amanhã. e, às vezes, na minha cabeça, não há. de vez em quando, minha cabeça fala pra mim que a gente não vai conseguir chegar até o fim da semana.
concordo, às vezes.
às vezes, só torço pro fim de semana chegar logo pra eu poder dormir um pouco mais.
às vezes, espero que tenha um monte de coisa pra estudar pra eu me ocupar.
às vezes, só torço. torço pra nada não, só torço. fico aí botando fé em nada, só pra ver se gira hora ou outra. porque é difícil demais ficar aí de pernas pro ar esperando algo vir pra correr atrás.
fico meio que nem cachorro correndo atrás do rabo e, antes que eu perceba, acabo mordendo meu rabo.
caindo numa enrascada que eu mesma plantei.
vivia escrevendo sobre me perder na bagunça que eu criava.
tô notando isso cada vez mais.
sou uma bagunça gigante, mesmo que eu não goste de ser.
mas fazer o que? a gente quase nunca é quem a gente quer ser ou quem a gente quis ser. na nossa cabeça, a gente é um monte de coisa. a gente se identifica com um monte de coisa que, na prática, a gente nem é.
por isso eu procuro ser o mais honesta possível comigo mesma.
porque mentir pros outros tá tudo bem, a pior coisa do mundo é mentir pro espelho...
enfim.
esses tempos eu venho assistindo criminal minds que nem doida. eu sei que isso é meio absurdo, já que eu gosto de coisa mimimi pra assistir, mas vamos combinar: o dr. reid é uma coisa linda. não era pra isso que eu vim falar de criminal minds.
então, eu tava vendo esses dias, aí o episódio era sobre um cara que simulava acidentes de carro para que seus homicídios parecessem ocasionais ou, mais tarde, suicídios. a equipe notou que isso não poderia ser real, porque as pessoas assassinadas tinham sentido para continuarem vivas.
elas tinham filhos, tinham carreira, emprego. elas pareciam felizes.
as famílias, fragilizadas, perguntaram-se o episódio inteiro: ele parecia feliz ou ele era, de fato, feliz?
e aí eu fiquei me perguntando: será que todo mundo tem mesmo um significado pra viver? será mesmo que se um desses serial killers me matarem alguém acreditará que foi um homicídio?
porque eu sou feliz.
juro pra vocês.
ou pra você.
ou pra quem for.
ou pra quem tiver que ser.
eu sou feliz.
eu sei que tô com cara feia esses tempos, nem eu tô me aguentando. é que tá tudo tão bagunçado que fico meio assim. mas eu tô aí, tô me jogando no cícero e no john mayer como se não houvesse amanhã. e, às vezes, na minha cabeça, não há. de vez em quando, minha cabeça fala pra mim que a gente não vai conseguir chegar até o fim da semana.
concordo, às vezes.
às vezes, só torço pro fim de semana chegar logo pra eu poder dormir um pouco mais.
às vezes, espero que tenha um monte de coisa pra estudar pra eu me ocupar.
às vezes, só torço. torço pra nada não, só torço. fico aí botando fé em nada, só pra ver se gira hora ou outra. porque é difícil demais ficar aí de pernas pro ar esperando algo vir pra correr atrás.
fico meio que nem cachorro correndo atrás do rabo e, antes que eu perceba, acabo mordendo meu rabo.
caindo numa enrascada que eu mesma plantei.
vivia escrevendo sobre me perder na bagunça que eu criava.
tô notando isso cada vez mais.
sou uma bagunça gigante, mesmo que eu não goste de ser.
mas fazer o que? a gente quase nunca é quem a gente quer ser ou quem a gente quis ser. na nossa cabeça, a gente é um monte de coisa. a gente se identifica com um monte de coisa que, na prática, a gente nem é.
por isso eu procuro ser o mais honesta possível comigo mesma.
porque mentir pros outros tá tudo bem, a pior coisa do mundo é mentir pro espelho...
Qual é o problema de todo mundo com mundos paralelos? Não é bem uma pergunta, é mais um começo de revolta: qual é o problema de todo mundo com pessoas que vivem em mundos fechados? Vivi por muito tempo em um, sim. E eu era bem melhor antes de sair dele. Ah!, como eu gostava daquele espacinho.
Ficava tudo tão arrumadinho, cada coisa no seu devido lugar e eu nunca nem precisei, de fato, arrumar algo. Era mágica. Coisa de mundo que só existe na minha cabeça.
É claro que alguém me fez o favor de tirar de lá de dentro, um dia. Preciso admitir que não foi legal.
Vou confessar: eu gosto do mundo real, de vez em quando. Eu só não gosto daqui quando eu tô tentando fazer algo que me exige silêncio absoluto e preciso ouvir, no mínimo, o som da caneta batendo na folha. Isso quando não tem o som da vizinha discutindo, também.
Gosto tanto daqui de dentro. É mais confortável. As músicas estão sempre no volume certo e eu posso dançar tanto quanto eu quiser. Tenho uma biblioteca imensa só pra mim e quatro poltronas de cores diferentes, caso eu venha a enjoar de alguma das cores.
Só não gosto de quando alguém tenta invadir. Sabe como é, é como tentar ME invadir. É tentar entrar em alguém que não quer ser conhecido. Tentar descobrir alguém fácil de ser descoberto, mas que se esconde atrás de pilastras para não ser visto.
Odeio quando conseguem. Odeio quando notam minhas ações repetitivas e odeio quando descobrem coisas sobre mim que eu nunca notei. Odeio, também, encontrar pessoas como eu. Odeio conhecer gente parecida comigo. Odeio muito quando me vejo nessas pessoas.
Quando eu era mais nova, meu pai me falou: cuidado com quem você odeia, porque, geralmente, você é mais parecida do que você imagina com essas pessoas.
Nunca concordei tanto.
E aí, dias atrás, ele me mandou cuidar em quem eu confio.
Ai, pai. Se você soubesse como eu cuido. Se você soubesse como é restrito quem entra nesse mundinho bola de gude que eu criei pra mim.
Ficava tudo tão arrumadinho, cada coisa no seu devido lugar e eu nunca nem precisei, de fato, arrumar algo. Era mágica. Coisa de mundo que só existe na minha cabeça.
É claro que alguém me fez o favor de tirar de lá de dentro, um dia. Preciso admitir que não foi legal.
Vou confessar: eu gosto do mundo real, de vez em quando. Eu só não gosto daqui quando eu tô tentando fazer algo que me exige silêncio absoluto e preciso ouvir, no mínimo, o som da caneta batendo na folha. Isso quando não tem o som da vizinha discutindo, também.
Gosto tanto daqui de dentro. É mais confortável. As músicas estão sempre no volume certo e eu posso dançar tanto quanto eu quiser. Tenho uma biblioteca imensa só pra mim e quatro poltronas de cores diferentes, caso eu venha a enjoar de alguma das cores.
Só não gosto de quando alguém tenta invadir. Sabe como é, é como tentar ME invadir. É tentar entrar em alguém que não quer ser conhecido. Tentar descobrir alguém fácil de ser descoberto, mas que se esconde atrás de pilastras para não ser visto.
Odeio quando conseguem. Odeio quando notam minhas ações repetitivas e odeio quando descobrem coisas sobre mim que eu nunca notei. Odeio, também, encontrar pessoas como eu. Odeio conhecer gente parecida comigo. Odeio muito quando me vejo nessas pessoas.
Quando eu era mais nova, meu pai me falou: cuidado com quem você odeia, porque, geralmente, você é mais parecida do que você imagina com essas pessoas.
Nunca concordei tanto.
E aí, dias atrás, ele me mandou cuidar em quem eu confio.
Ai, pai. Se você soubesse como eu cuido. Se você soubesse como é restrito quem entra nesse mundinho bola de gude que eu criei pra mim.
"Eu falo dele, mas eu sou igualzinha". Foi assim que eu notei que ela tinha mudado. É claro. Continua pirracenta, chata até os infernos não aguentarem mais, carente e manhosa como se tivesse três anos. Mas aquela coisa de adolescente revoltada que enchia a minha cabeça [e de todos ao seu redor] de ideias homicidas, foi embora. Ficou um pouquinho dela, só. A parte dela que conseguia aconselhar aos amigos que nunca fizessem o que ela sempre fez.
Faz um tempo que eu não conseguia sentir orgulho dela, admito. Não sou fã da vida que ela levava. E fã dela, tampouco. Não era. Me tornei, tempo atrás.Acho que, na verdade, sou mais fã de quem as pessoas se tornam do que de quem elas sempre foram. Porque eu amo demais a mutação, a mudança, a diferença, sei lá. Essa é a mágica da vida. O que diferencia, o que melhora.Ela melhorou. Quando a conheci, fazia parte do grupo de pessoas que eu convivia, amava, gostava, abraçava. Tinha apreço e apego. Mas nunca fez parte das pessoas que eu admirava. Passou a fazer, alguns meses atrás.
Não sei bem dizer o que mudou no meu jeito de tratá-la. Acho que, no fundo, nada mudou. Muda mesmo no que eu penso dela.Agora eu penso bem. Penso bem e sinto que posso, de fato, ter uma conversa. Sem segundas intenções ou palavras sobrepostas, "porque ela não entenderia".Fico feliz. Fiquei feliz. Muito feliz!
Porque, apesar de continuar sendo carente, chata, mala e manhosa; apesar de esperar que os céus e a terra movam-se para que o problema dela seja resolvido na hora que ela quer, ela mudou.Talvez na essência, talvez mais fundo do que eu e quaisquer pessoas ao redor dela possam notar. Não é visível, é perceptível. Dá pra saber que tem algo diferente, mas não dá pra ver o que.Gosto mais de você assim, Lu. Mas saiba: não vou deixar de gostar de você se você voltar a ser aquela pateta. Você é quem talvez pare de gostar de mim. Lembra de como eu sou chata?
Faz um tempo que eu não conseguia sentir orgulho dela, admito. Não sou fã da vida que ela levava. E fã dela, tampouco. Não era. Me tornei, tempo atrás.Acho que, na verdade, sou mais fã de quem as pessoas se tornam do que de quem elas sempre foram. Porque eu amo demais a mutação, a mudança, a diferença, sei lá. Essa é a mágica da vida. O que diferencia, o que melhora.Ela melhorou. Quando a conheci, fazia parte do grupo de pessoas que eu convivia, amava, gostava, abraçava. Tinha apreço e apego. Mas nunca fez parte das pessoas que eu admirava. Passou a fazer, alguns meses atrás.
Não sei bem dizer o que mudou no meu jeito de tratá-la. Acho que, no fundo, nada mudou. Muda mesmo no que eu penso dela.Agora eu penso bem. Penso bem e sinto que posso, de fato, ter uma conversa. Sem segundas intenções ou palavras sobrepostas, "porque ela não entenderia".Fico feliz. Fiquei feliz. Muito feliz!
Porque, apesar de continuar sendo carente, chata, mala e manhosa; apesar de esperar que os céus e a terra movam-se para que o problema dela seja resolvido na hora que ela quer, ela mudou.Talvez na essência, talvez mais fundo do que eu e quaisquer pessoas ao redor dela possam notar. Não é visível, é perceptível. Dá pra saber que tem algo diferente, mas não dá pra ver o que.Gosto mais de você assim, Lu. Mas saiba: não vou deixar de gostar de você se você voltar a ser aquela pateta. Você é quem talvez pare de gostar de mim. Lembra de como eu sou chata?
Te amo, probreminha.
Quando eu era bem pequena, eu queria ser cantora. Mas aí eu descobri que não sei cantar e também não gosto da ideia de ir para um curso ouvir sobre respiração e blablablá. Sempre cri na história de que cantar é dom. E aí desisti.
Cresci um pouco e resolvi ser professora. Uns dois meses depois, descobri que não gosto de crianças e aí quis ser professora específica de português pra alunos do colegial. Quando fui pra sétima série, descobri que não gostava de adolescentes também.
Entrei por acaso em algumas salas pra anunciar a apresentação da minha peça infantil e eles estavam todos desordenados. Odeio desordem quando tem alguém tentando ensinar algo importante. Desisti da ideia.
Quando terminei o ensino fundamental, resolvi ser promotora pública. Eu gostava de expressar minhas ideias e gostava mais ainda quando alguém as levava em consideração pra algum futuro julgamento. Por que não fazê-lo por uma remuneração convincente? Desisti assim que descobri que existiria uma legislação burra e auto-destrutiva por trás das minhas ideias.
Hoje eu não sei mais o que eu quero ser. Porque eu gosto de desenhar. E gosto de escrever. E gosto de rabiscar perto do que eu escrevo e de quando escrevo algo ilustrado. Mas também gosto de ler um monte de coisas absurdas e gosto muito de política. E também gosto de música. E também gosto de ensinar. Meus desejos de criança que consistiam na arte e na educação ainda não mudaram. Eu só não encontrei algo que os encaixe. E eu só tenho mais alguns meses pra decidir.
Acontece que eu não gosto tanto assim de dar aula pra gente desinteressada e também não gosto tanto assim de cantar a ponto de ouvir alguém falando coisas em que eu não estou interessada. E também não tenho jeito pra tocar violão ou qualquer outro instrumento de corda. Já cheguei até a fazer uns meses de aula de teclado.
Não deu muito certo.
Acho que vou acabar como ilustradora free-lancer, vendedora de livros e morando num apertamento todo colorido com citações do Machado de Assis, Fernando Pessoa e Caio Fernando de Abreu pelos quatro cantos da cozinha. E tirinhas do Calvin e Haroldo no banheiro. E muita, muita cor. E tinta por todos os cantos. E muito amor. E sem profissão, sem ensinar, sem tristeza, sem "mas". Só uma bagunça imensa de coisas que eu sempre quis ser e nunca fui.
Quem vai dizer é o tempo.
Tempo, tô esperando por você.
Com amor,
A ex-futura-cantora-professora-promotora-música Giovanna.
Cresci um pouco e resolvi ser professora. Uns dois meses depois, descobri que não gosto de crianças e aí quis ser professora específica de português pra alunos do colegial. Quando fui pra sétima série, descobri que não gostava de adolescentes também.
Entrei por acaso em algumas salas pra anunciar a apresentação da minha peça infantil e eles estavam todos desordenados. Odeio desordem quando tem alguém tentando ensinar algo importante. Desisti da ideia.
Quando terminei o ensino fundamental, resolvi ser promotora pública. Eu gostava de expressar minhas ideias e gostava mais ainda quando alguém as levava em consideração pra algum futuro julgamento. Por que não fazê-lo por uma remuneração convincente? Desisti assim que descobri que existiria uma legislação burra e auto-destrutiva por trás das minhas ideias.
Hoje eu não sei mais o que eu quero ser. Porque eu gosto de desenhar. E gosto de escrever. E gosto de rabiscar perto do que eu escrevo e de quando escrevo algo ilustrado. Mas também gosto de ler um monte de coisas absurdas e gosto muito de política. E também gosto de música. E também gosto de ensinar. Meus desejos de criança que consistiam na arte e na educação ainda não mudaram. Eu só não encontrei algo que os encaixe. E eu só tenho mais alguns meses pra decidir.
Acontece que eu não gosto tanto assim de dar aula pra gente desinteressada e também não gosto tanto assim de cantar a ponto de ouvir alguém falando coisas em que eu não estou interessada. E também não tenho jeito pra tocar violão ou qualquer outro instrumento de corda. Já cheguei até a fazer uns meses de aula de teclado.
Não deu muito certo.
Acho que vou acabar como ilustradora free-lancer, vendedora de livros e morando num apertamento todo colorido com citações do Machado de Assis, Fernando Pessoa e Caio Fernando de Abreu pelos quatro cantos da cozinha. E tirinhas do Calvin e Haroldo no banheiro. E muita, muita cor. E tinta por todos os cantos. E muito amor. E sem profissão, sem ensinar, sem tristeza, sem "mas". Só uma bagunça imensa de coisas que eu sempre quis ser e nunca fui.
Quem vai dizer é o tempo.
Tempo, tô esperando por você.
Com amor,
A ex-futura-cantora-professora-promotora-música Giovanna.
Bom dia! Hoje é quarta-feira pós feriado de primeiro de maio, não fui à aula e acordei por volta das sete e meia da manhã.
Eu sou do tipo que acorda cedo para ter mais tempo sem fazer nada. Sim, mais tempo sem fazer nada, porque a vida me deu esse luxo. Ainda estou na idade de ser bancada pelos meus pais e ter como minha maior ocupação fazer lições de casa esporadicamente e estudar todos os dias para passar no vestibular. Mas nada disso ocupa tempo o suficiente para me tirar o luxo de "acordar cedo para ter mais tempo de não fazer nada".
Com esse tempo ocioso, decidi ler pelo menos um conto ou crônica por dia, antes mesmo de fazer qualquer outra atividade inútil (tal como usar o computador deliberadamente para mergulhar em entrevistas que são de fato inúteis ou palestras do Sérgio Cortella que, por enquanto, não me são de muita significância).
Nos últimos tempos venho lendo As Aventuras de Sherlock Holmes, do Sir Arthur Conan Doyle que é, sem dúvidas, o maior escritor de romance policial de todos os tempos - se é que podemos encaixar tal personagem em alguma categoria literária.
Junto com a leitura aos contos Sherlockianos, veio a vontade de ser alguém organizado e excessivamente metódico - coisa que não sei fazer de forma alguma. Tentei uma vez e acabei num quarto mais bagunçado do que o normal.
Minha maior vontade para esses tempos tem sido ter o mínimo da organização, pelo menos com meus itens de estudo. Comprei uma daquelas agendas divididas por datas (que mais parece um moleskine, a não ser pelo preço), separei meus cadernos pela grade de horários e comprei um bloquinho pra anotar o que preciso fazer todos os dias. O de ontem estava assim:
Dia 14: O que preciso fazer hoje?
- Arrumar o meu quarto
- Arrumar o quarto do meu irmão (e uma menininha de braços cruzados e expressão brava)
- Finalizar o desenho da menina francesa (porque qualquer mulher de boina, para mim, é francesa)
O que quero fazer ainda hoje?
- Terminar os rascunhos dos quadrinhos que comecei
- Escrever no blog
- Descarregar o iPod e sincronizá-lo
- Terminar de ler a matéria da Eliane Brum na Época Online
Consegui fazer t-u-d-o! Pela primeira vez! Que alegria! Sinto-me cada vez mais próxima da organização que quero ter.
O caso é: escrevi esse post só para ter um compromisso escrito de que vou me esforçar para ser mais organizada e deixar o mínimo possível de coisas "pra depois".
Então, lá vai:
Eu, Giovanna Marques, escritora esporádica do blog Palavreando e Entra aí, pega um café; prometo me esforçar para cumprir solenemente os desejos e objetivos descritos nesse post.
Valeu.
Tchau!
Eu sou do tipo que acorda cedo para ter mais tempo sem fazer nada. Sim, mais tempo sem fazer nada, porque a vida me deu esse luxo. Ainda estou na idade de ser bancada pelos meus pais e ter como minha maior ocupação fazer lições de casa esporadicamente e estudar todos os dias para passar no vestibular. Mas nada disso ocupa tempo o suficiente para me tirar o luxo de "acordar cedo para ter mais tempo de não fazer nada".
Com esse tempo ocioso, decidi ler pelo menos um conto ou crônica por dia, antes mesmo de fazer qualquer outra atividade inútil (tal como usar o computador deliberadamente para mergulhar em entrevistas que são de fato inúteis ou palestras do Sérgio Cortella que, por enquanto, não me são de muita significância).
Nos últimos tempos venho lendo As Aventuras de Sherlock Holmes, do Sir Arthur Conan Doyle que é, sem dúvidas, o maior escritor de romance policial de todos os tempos - se é que podemos encaixar tal personagem em alguma categoria literária.
Junto com a leitura aos contos Sherlockianos, veio a vontade de ser alguém organizado e excessivamente metódico - coisa que não sei fazer de forma alguma. Tentei uma vez e acabei num quarto mais bagunçado do que o normal.
Minha maior vontade para esses tempos tem sido ter o mínimo da organização, pelo menos com meus itens de estudo. Comprei uma daquelas agendas divididas por datas (que mais parece um moleskine, a não ser pelo preço), separei meus cadernos pela grade de horários e comprei um bloquinho pra anotar o que preciso fazer todos os dias. O de ontem estava assim:
Dia 14: O que preciso fazer hoje?
- Arrumar o meu quarto
- Arrumar o quarto do meu irmão (e uma menininha de braços cruzados e expressão brava)
- Finalizar o desenho da menina francesa (porque qualquer mulher de boina, para mim, é francesa)
O que quero fazer ainda hoje?
- Terminar os rascunhos dos quadrinhos que comecei
- Escrever no blog
- Descarregar o iPod e sincronizá-lo
- Terminar de ler a matéria da Eliane Brum na Época Online
Consegui fazer t-u-d-o! Pela primeira vez! Que alegria! Sinto-me cada vez mais próxima da organização que quero ter.
O caso é: escrevi esse post só para ter um compromisso escrito de que vou me esforçar para ser mais organizada e deixar o mínimo possível de coisas "pra depois".
Então, lá vai:
Eu, Giovanna Marques, escritora esporádica do blog Palavreando e Entra aí, pega um café; prometo me esforçar para cumprir solenemente os desejos e objetivos descritos nesse post.
Valeu.
Tchau!
E tem dia que eu só não tô pra vida. E não é que eu tô chata, sem graça e blablablá. Eu só não tô pra vida, não tô pras pessoas, não tô pra correria mala do dia-a-dia, não tô com paciência pra draminha bobo, não tô com paciência pra nada. Tem dia que eu tô pro meu mundo, pro meu quarto sem janelas, pras minhas roupas cor de nada, pros meus livros que me dão alergia de tão velhos, pro meu café amargo e com canela; pras minhas músicas e pra mais nada - e nem ninguém.
Não enche meu saco, não torra minha paciência. Me faz um favor? Vê se some. E não volta tão cedo. Me deixa sentir saudade e correr atrás. Antes disso, some. E eu sei que não dá, mas eu queria muito que desse.
Desse pra desaparecer um momentinho que fosse, pra virar mosca e se esconder atrás do vão do guardarroupa. Seria bem legal se eu conseguisse enfiar uma máscara qualquer de felicidade falsa que escondesse minhas olheiras e tapasse meu mau humor. Só que não dá. Eu tento ficar motivada e feliz, mas, em algum ponto do dia, eu esqueço disso tudo e dou patada em alguém.
Desculpa.
Não foi minha intenção.
Então, me deixa quieta. Porque eu não gosto muito de pedir desculpas - mas o faço. E também não gosto nem um pouco de sair tacando nas pessoas coisas que não têm nada a ver com elas. Ninguém tem culpa de dia, semana ou mês que eu acordo virada pra lua. E ninguém tem culpa, também, de quando eu acordo de bom humor e as pessoas me jogam na lua. Faz parte. E ninguém tem culpa de nada.
Então, desculpa se eu acabar jogando isso tudo em você.
E desculpa, também, se, por algum acaso, eu acabar te pedindo desculpa demais.
Mas me larga um pouquinho. Me deixa ser chata. Que depois passa e tudo volta ao normal.
Valeu.
E desculpa.
Não enche meu saco, não torra minha paciência. Me faz um favor? Vê se some. E não volta tão cedo. Me deixa sentir saudade e correr atrás. Antes disso, some. E eu sei que não dá, mas eu queria muito que desse.
Desse pra desaparecer um momentinho que fosse, pra virar mosca e se esconder atrás do vão do guardarroupa. Seria bem legal se eu conseguisse enfiar uma máscara qualquer de felicidade falsa que escondesse minhas olheiras e tapasse meu mau humor. Só que não dá. Eu tento ficar motivada e feliz, mas, em algum ponto do dia, eu esqueço disso tudo e dou patada em alguém.
Desculpa.
Não foi minha intenção.
Então, me deixa quieta. Porque eu não gosto muito de pedir desculpas - mas o faço. E também não gosto nem um pouco de sair tacando nas pessoas coisas que não têm nada a ver com elas. Ninguém tem culpa de dia, semana ou mês que eu acordo virada pra lua. E ninguém tem culpa, também, de quando eu acordo de bom humor e as pessoas me jogam na lua. Faz parte. E ninguém tem culpa de nada.
Então, desculpa se eu acabar jogando isso tudo em você.
E desculpa, também, se, por algum acaso, eu acabar te pedindo desculpa demais.
Mas me larga um pouquinho. Me deixa ser chata. Que depois passa e tudo volta ao normal.
Valeu.
E desculpa.
Eu sou uma bela narcisista. Ninguém sabe que sou, exatamente porque achamos que narcisista é aquele cara que fica três ou quatro horas reclamando sobre a espinha que nasceu na ponta do nariz. Mas aí, pensando sobre o assunto, cheguei a seguinte conclusão: sou narcisista. Só pelo fato de ser capaz de passar horas falando sobre quão frustrada e arrasada sou por ser "eu" - não que eu o faça, só sei que sou capaz de -, tenho um ego quase maior do que a espinha na ponta do nariz de um narcisista comum. O caso é que não sirvo nem pra ser narcisista como todo mundo. Bendita seja essa mania chata que eu tenho de não me deixar ser como a maioria!
Temos uma certa tendência ao narcisismo invertido exacerbado desde o momento que nos sentimos livres pra falar dos nossos próprios problemas. Mesmo num lapso à um qualquer que podemos encontrar no meio do caminho pra faculdade. E você o encontra bem no dia que o seu ex-namorado e seu namorado atual se encontraram na padaria e discutiram no meio de todo mundo. E aí você não sabe se sente bem ou mal porque, afinal, é uma mulher de classe e não pode admitir tal postura; mas, ao mesmo tempo, que mulher não gosta de ver dois homens brigando por ela?
Você não sabe o que pensar e, além dessa bagunça toda que tá na sua cabeça, seu ex namorado ganhou a briga e quer reatar com você! Logo agora que você descobriu que seu namorado atual encomendou um diamante rosa de 12 quilates pra te pedir em casamento... Ai que confusão! Você nem respirou pra falar isso tudo, não deixou seu pobre colega responder ao "tudo e você?" e já encheu a cabeça dele de mais coisas bagunçadas da sua cabeça.
E aí, no fim das contas, o pobre colega havia te parado pra te convidar pra dar uma passada lá no apartamento novo dele. Mas é claro que ele vai desistir depois disso tudo que você disse.
E é claro que essa situação é só uma hipótese. Mas eu tô tentando me controlar, porque tem tanta gente assim perto de mim que me cansa. E prefiro guardar minhas confusões pra mim.
É melhor do que acabar contando desse jeito meio vomitado pra qualquer um que for me convidar pra conhecer o apartamento.
Temos uma certa tendência ao narcisismo invertido exacerbado desde o momento que nos sentimos livres pra falar dos nossos próprios problemas. Mesmo num lapso à um qualquer que podemos encontrar no meio do caminho pra faculdade. E você o encontra bem no dia que o seu ex-namorado e seu namorado atual se encontraram na padaria e discutiram no meio de todo mundo. E aí você não sabe se sente bem ou mal porque, afinal, é uma mulher de classe e não pode admitir tal postura; mas, ao mesmo tempo, que mulher não gosta de ver dois homens brigando por ela?
Você não sabe o que pensar e, além dessa bagunça toda que tá na sua cabeça, seu ex namorado ganhou a briga e quer reatar com você! Logo agora que você descobriu que seu namorado atual encomendou um diamante rosa de 12 quilates pra te pedir em casamento... Ai que confusão! Você nem respirou pra falar isso tudo, não deixou seu pobre colega responder ao "tudo e você?" e já encheu a cabeça dele de mais coisas bagunçadas da sua cabeça.
E aí, no fim das contas, o pobre colega havia te parado pra te convidar pra dar uma passada lá no apartamento novo dele. Mas é claro que ele vai desistir depois disso tudo que você disse.
E é claro que essa situação é só uma hipótese. Mas eu tô tentando me controlar, porque tem tanta gente assim perto de mim que me cansa. E prefiro guardar minhas confusões pra mim.
É melhor do que acabar contando desse jeito meio vomitado pra qualquer um que for me convidar pra conhecer o apartamento.
Acho que a coisa mais chata de viver é a gente não perceber as coisas pequenas. Quando eu fiz quinze anos, chamei alguns amigos para virem comemorar comigo. A coisa mais incrível do dia foi a consideração de alguns deles de mudarem suas formas de se vestir e de se portar pra agradar aos meus pais. Teve gente que cruzou as pernas, gente que levantou, gente que cumprimentou e eu consegui ouvir até um "tudo bem com o senhor?". É claro que ninguém notou.
Mais tarde, ao comentar esses detalhes com uma amiga, ela disse "como você percebe essas coisas?" e eu disse "é que eu gosto de observar". E gosto mesmo. Queria ser mais observadora, gosto muito de ver detalhes nas pessoas - uma das razões porque quero estudar psicologia em algum ponto da minha vida. Enfim.
Às vezes, a gente se foca tanto num problema, numa situação que não vê que "a alma do negócio" tá em deixar pra lá. Não tô dizendo abrir mão - muito pelo contrário, digo que a gente precisa largar mão de querer enxergar o problema com a cara da foto 3x4 do RG. E tentar olhar pra situação com um sorrisinho de canto falando "vai, podia tá pior... Tudo bem que essa história tá meio furada, mas tô arranjando umas agulhas por aí e acho que dá pra remendar".
A vida não passa mão na cabeça de ninguém. Ficar dodóizinha e chorandinho por semanas e semanas não vai diminuir a situação e muito menos resolver qualquer coisa. Pra gente conseguir fazer a vida andar, a gente precisa antes de qualquer coisa se certificar de que pode viver sozinho. E não é sozinho "sem ninguém". É na vida, se virando nos 30, rebolando pra ver se dá pra arrumar tudo sem deixar nada pela metade.
E, se não der, pede ajuda. Só não pede com cara de cão-sem-dono, pede com cara de "eu tentei". E tente mesmo. Fazendo tudo valer a pena, remendando e trocando quando for preciso. Com o tempo a gente aprende que não dá pra remendar o tempo todo, mas isso fica pra outro dia. Por enquanto, deixo o recado: sorria mais. Nem que seja falso, sorri na frente do espelho e joga a real. Nem que seja pra se avisar que tá fazendo drama: avise-se.
Às vezes, a gente começa a acreditar nas mentiras que conta quando tá muito tristonho, se perde no que realmente tá sentindo e no que é só exagero pra ver se consegue atenção. A gente se ajuda quando tem certeza do que tá acontecendo de verdade. Evitar draminha, choramingo, chatice e bobeira simplifica muito a vida. E acho que a vida já é complicada demais pra gente enfiar esse peso chato todo dia.
Mais tarde, ao comentar esses detalhes com uma amiga, ela disse "como você percebe essas coisas?" e eu disse "é que eu gosto de observar". E gosto mesmo. Queria ser mais observadora, gosto muito de ver detalhes nas pessoas - uma das razões porque quero estudar psicologia em algum ponto da minha vida. Enfim.
Às vezes, a gente se foca tanto num problema, numa situação que não vê que "a alma do negócio" tá em deixar pra lá. Não tô dizendo abrir mão - muito pelo contrário, digo que a gente precisa largar mão de querer enxergar o problema com a cara da foto 3x4 do RG. E tentar olhar pra situação com um sorrisinho de canto falando "vai, podia tá pior... Tudo bem que essa história tá meio furada, mas tô arranjando umas agulhas por aí e acho que dá pra remendar".
A vida não passa mão na cabeça de ninguém. Ficar dodóizinha e chorandinho por semanas e semanas não vai diminuir a situação e muito menos resolver qualquer coisa. Pra gente conseguir fazer a vida andar, a gente precisa antes de qualquer coisa se certificar de que pode viver sozinho. E não é sozinho "sem ninguém". É na vida, se virando nos 30, rebolando pra ver se dá pra arrumar tudo sem deixar nada pela metade.
E, se não der, pede ajuda. Só não pede com cara de cão-sem-dono, pede com cara de "eu tentei". E tente mesmo. Fazendo tudo valer a pena, remendando e trocando quando for preciso. Com o tempo a gente aprende que não dá pra remendar o tempo todo, mas isso fica pra outro dia. Por enquanto, deixo o recado: sorria mais. Nem que seja falso, sorri na frente do espelho e joga a real. Nem que seja pra se avisar que tá fazendo drama: avise-se.
Às vezes, a gente começa a acreditar nas mentiras que conta quando tá muito tristonho, se perde no que realmente tá sentindo e no que é só exagero pra ver se consegue atenção. A gente se ajuda quando tem certeza do que tá acontecendo de verdade. Evitar draminha, choramingo, chatice e bobeira simplifica muito a vida. E acho que a vida já é complicada demais pra gente enfiar esse peso chato todo dia.
Como faz quando a pretensão era ler 15 livros no ano, estamos apenas em fevereiro e já li 12?
Vou resenhar de forma clara e simples alguns dos livros que li. Só vou me estender aos que gostei, porque eu sou muito mala sem alça quando não gosto de livro, rs.
1- Memórias Póstumas de Brás Cubas - Machado de Assis
Bom, vamos lá. O nome já amedronta quem vai ler, né? rs Vamos combinar que mais da metade da população brasileira não sabe nem o significado de póstumas (após a morte). Mas, eu juro: o livro é bom. Ótimo, pra ser bem sincera. A história se prolonga mais do que o necessário - nisso eu preciso concordar -, mas é incrível do começo ao fim. O personagem principal, Brás Cubas, é um merda. Assim. Merda. Tudo que ele faz ou tenta fazer dá errado. Ele gosta de uma mulher, ela só quer o dinheiro dele, ele gosta de arte, ela acha inútil, ele empobrece, ela foge. Coitado! O livro chamou minha atenção pela forma como foi narrado. Não sei os outros leitores, mas eu senti uma pitada de arrependimento em algumas partes da narração. É um dos livros que a FUVEST pede pra ler em 2012 e eu li antes de saber disso. Fiquei mais animada ainda (só por terem tirado Auto da Barca do Inferno. Ô livrinho chato, viu). Enfim, vale a pena. Você pode até demorar pra ler, a linguagem não é muito casual, mas vale a pena. E tem uma pitadinha de humor intelectual do Machado de Assis. Assim, não dá pra rir, gargalhar e tal, mas se você parar pra tentar entender a piada, vale pra rir de canto de boca. Enfim, é lindo. Um livro realista e que vale 5 estrelas no Skoob.
2- Perto do Coração Selvagem - Clarice Lispector
Não sei nem por onde começar. Joana é uma garotinha sensacional. Logo no começo do livro martela na nossa cabeça com algumas perguntas chave que me deixaram reflexiva por uma semana. "Por que buscamos tanto a felicidade?" "Ser feliz é para se conseguir o quê?" "Amamos tanto o que não vemos." "Afirmamos coisas que não vimos. Assim como afirmei que as galinhas comeram as minhocas quando não as vi, estava ocupada olhando o céu". Joana é incrível. Pensativa, quieta, observadora. Até crescer. Após perder o pai, vai morar com a tia que é absurdamente normal. Apaixona-se por um professor comprometido e a partir daí conhecemos a verdadeira Joana. Fria, calculista, romântica, apaixonada e, é claro, selvagem. O livro me deixou com a cabeça em nós por três ou quatro dias e é, sem sombra de dúvidas, a melhor obra de Clarice Lispector. Daria 6 estrelas no Skoob, se fosse possível.
3- Antologia Poética - Vinícius de Moraes
Vinícius de Moraes é um escritor incrível. Como poeta ou compositor, transmite uma paz e uma leveza para o leitor que não pode ser transcrita. Chorei em alguns dos poemas do livro e não me envergonho de tê-lo feito. Incrível. "Como posso esquecer essa que foi minha primeira angústia / Se o murmúrio do mar está sempre em meus ouvidos?"
4- Eles Não Usam Black-Tie - Gianfrancesco Guarnieri
É uma peça de teatro. Feito pra ser. Detesto ler esse tipo de livro, então nem vou falar nada, rs. Mas a história em si é bacaninha.
5- Contos Fantásticos do Século XIX - Italo Calvino
Olha, eu queria muito conhecer esse tal de Italo Calvino pra entender qual é a visão dele de fantástico. Levei duas semanas pra ler 130 páginas e tava me arrastando pra conseguir. Não terminei de ler, larguei e tô usando como sonífero. Os contos são muito parecidos, previsíveis e só alguns são bons. Gostei de um sobre o chefe do pai de uma criança que é usada em rituais, mas são todos tão parecidos que, por melhor que seja o conto, perde o encanto. Não gostei o suficiente dos que li, não recomendo e larguei mesmo!
6- Madame Bovary - Gustave Flaubert em aberto
Bom, vamos lá. Quem já ouviu falar de Madame Bovary sabe que o começo é bem maçante, que dá vontade de desistir, mas que depois engrena, né? Pois bem, tô tentando chegar na parte que engrena. :P A Emma, por enquanto, tem sido uma personagem encantadora. Um tanto quanto doceira, mas encantadora. Não o suficiente pra me manter acordada... Mas eu não vou abandonar, é um clássico da literatura francesa e o Flaubert quase foi preso pela publicação do livro. Tem que valer a pena. Espero.
7- 80 Anos de Poesia - Mario Quintana
Comecei a ler assim que terminei de ler a Antologia Poética do Vinícius de Moraes. Preciso dizer que me decepcionei. Talvez por ter acabado de ler algo tão incrível e sensacional como a Antologia do Vinícius eu estivesse esperando demais. Não desmereço Mario Quintana, - muito pelo contrário, ele é um poeta brilhante! - mas eu estava absurdamente ligada aos poemas de Vinícius de Moraes que não me dei conta que nem todos tem o requinte e a simplicidade juntos ao escrever. É ótimo, chorei em um poema dele sobre as flores, Mario foi um poeta sensível e amado, mas digno de 4 estrelas.
8- Laços de Família - Clarice Lispector
É um livro com treze contos. No começo, imaginei que fossem apenas contos familiares, jorrando histórias pessoais e coisa e tal. É claro que Clarice me surpreendeu e, mais uma vez, me emocionou. Em um dos contos, trata da beleza como algo palpável e, em questão de segundos, mudou minha percepção das flores. Ando tão apaixonada por elas que, de quando em quando, me sinto uma personagem de um conto Lispectoriano admirando a beleza da natureza. São contos incríveis e até engraçadinhos, dignos de 4,5 estrelas.
9- Ciclo da Lua - César Magalhães Borges
É um livro poético! Mas são poemas tão fofinhos e bonitinhos que me senti mergulhando num livro infantil. É curto, preenchido com poeminhas tão curtos quanto. O conteúdo não é pra tanta fofura, mas achei encantador. Dei três estrelas.
10- A Hora da Estrela - Clarice Lispector
Sim, eu sei, li muitos livros da Clarice. Eu também acho, mas, depois do primeiro, você não para mais. A Hora da Estrela é um dos - se não o mais - livros mais conhecidos da escritora. Até gerou um filme brasileiro com um elenco muito bom pro tempo que foi lançado (Fernanda Montenegro e seus parceiros de época).
Macabéa é uma nordestina feia, magricela, esquisita e que só vê a vida por um ponto de vista. Não por ser quadrada, simplesmente por não saber ver de outra forma. Trabalha no mesmo lugar desde sempre, mantém os mesmos hábitos e, quando muito, lambuza-se de batom vermelho e dança sozinha pelo quarto. Clarice já estava velhinha quando publicou, então há momentos em que ela diz que os personagens a cansam e estende a introdução de tal forma que muitos abandonam o livro mesmo antes de começá-lo. Eu me apaixonei pelo jeito recatado e sou-feliz-pois-não-sei-não-ser de Macabéa. Vale as 5 estrelas que dei e mais algumas.
11- Para Gostar de Ler, Volume 1 - Carlos Drummond de Andrade; Fernando Sabino; Paulo Mendes Campos; Rubem Braga
Escrito por contistas, escritores e jornalistas, Para Gostar de Ler é um livro de crônicas. É quase um livro infantil. Tão gostoso de ler quanto ler uma coluna de jornal. Com histórias cotidianas sobre crianças, animais, família, lojas, roubos, política; li tudo em uma tarde, quatro xícaras de café e até gargalhei com algumas delas. Vale super a pena e é uma delícia. Realmente, até quem não gosta de ler, adoraria ler Para Gostar de Ler.
12- Contos Consagrados - Machado de Assis
Machado de Assis é um escritor fantástico - adjetivo que não posso dar a esse livro. Apesar de estar recheado de boas ideias muitíssimo bem elaboradas, Contos Consagrados não é lá o melhor livro que Machado escreveu. Os contos não prendem o leitor como acontece em Memórias Póstumas de Brás Cubas e, por muitas vezes, tive vontade de fechar o livro e ir tomar um café ou qualquer coisa assim. Alguns contos são bons, outros são apenas contos. Dei três estrelas.
Ufa! Li bastante esse ano e pretendo ler ainda mais. Peguei emprestado com a minha tia nove livros do mesmo estilo, entre eles, Romeu e Julieta para reler. Fora alguns colunistas como Eliane Brum, o Paulo Coelho e o Infame Lúdico (que é de quadrinhos) que acompanho, também.
Meu 2012 tá uma delícia!
Vou resenhar de forma clara e simples alguns dos livros que li. Só vou me estender aos que gostei, porque eu sou muito mala sem alça quando não gosto de livro, rs.
1- Memórias Póstumas de Brás Cubas - Machado de Assis
Bom, vamos lá. O nome já amedronta quem vai ler, né? rs Vamos combinar que mais da metade da população brasileira não sabe nem o significado de póstumas (após a morte). Mas, eu juro: o livro é bom. Ótimo, pra ser bem sincera. A história se prolonga mais do que o necessário - nisso eu preciso concordar -, mas é incrível do começo ao fim. O personagem principal, Brás Cubas, é um merda. Assim. Merda. Tudo que ele faz ou tenta fazer dá errado. Ele gosta de uma mulher, ela só quer o dinheiro dele, ele gosta de arte, ela acha inútil, ele empobrece, ela foge. Coitado! O livro chamou minha atenção pela forma como foi narrado. Não sei os outros leitores, mas eu senti uma pitada de arrependimento em algumas partes da narração. É um dos livros que a FUVEST pede pra ler em 2012 e eu li antes de saber disso. Fiquei mais animada ainda (só por terem tirado Auto da Barca do Inferno. Ô livrinho chato, viu). Enfim, vale a pena. Você pode até demorar pra ler, a linguagem não é muito casual, mas vale a pena. E tem uma pitadinha de humor intelectual do Machado de Assis. Assim, não dá pra rir, gargalhar e tal, mas se você parar pra tentar entender a piada, vale pra rir de canto de boca. Enfim, é lindo. Um livro realista e que vale 5 estrelas no Skoob.
2- Perto do Coração Selvagem - Clarice Lispector
Não sei nem por onde começar. Joana é uma garotinha sensacional. Logo no começo do livro martela na nossa cabeça com algumas perguntas chave que me deixaram reflexiva por uma semana. "Por que buscamos tanto a felicidade?" "Ser feliz é para se conseguir o quê?" "Amamos tanto o que não vemos." "Afirmamos coisas que não vimos. Assim como afirmei que as galinhas comeram as minhocas quando não as vi, estava ocupada olhando o céu". Joana é incrível. Pensativa, quieta, observadora. Até crescer. Após perder o pai, vai morar com a tia que é absurdamente normal. Apaixona-se por um professor comprometido e a partir daí conhecemos a verdadeira Joana. Fria, calculista, romântica, apaixonada e, é claro, selvagem. O livro me deixou com a cabeça em nós por três ou quatro dias e é, sem sombra de dúvidas, a melhor obra de Clarice Lispector. Daria 6 estrelas no Skoob, se fosse possível.
3- Antologia Poética - Vinícius de Moraes
Vinícius de Moraes é um escritor incrível. Como poeta ou compositor, transmite uma paz e uma leveza para o leitor que não pode ser transcrita. Chorei em alguns dos poemas do livro e não me envergonho de tê-lo feito. Incrível. "Como posso esquecer essa que foi minha primeira angústia / Se o murmúrio do mar está sempre em meus ouvidos?"
4- Eles Não Usam Black-Tie - Gianfrancesco Guarnieri
É uma peça de teatro. Feito pra ser. Detesto ler esse tipo de livro, então nem vou falar nada, rs. Mas a história em si é bacaninha.
5- Contos Fantásticos do Século XIX - Italo Calvino
Olha, eu queria muito conhecer esse tal de Italo Calvino pra entender qual é a visão dele de fantástico. Levei duas semanas pra ler 130 páginas e tava me arrastando pra conseguir. Não terminei de ler, larguei e tô usando como sonífero. Os contos são muito parecidos, previsíveis e só alguns são bons. Gostei de um sobre o chefe do pai de uma criança que é usada em rituais, mas são todos tão parecidos que, por melhor que seja o conto, perde o encanto. Não gostei o suficiente dos que li, não recomendo e larguei mesmo!
6- Madame Bovary - Gustave Flaubert em aberto
Bom, vamos lá. Quem já ouviu falar de Madame Bovary sabe que o começo é bem maçante, que dá vontade de desistir, mas que depois engrena, né? Pois bem, tô tentando chegar na parte que engrena. :P A Emma, por enquanto, tem sido uma personagem encantadora. Um tanto quanto doceira, mas encantadora. Não o suficiente pra me manter acordada... Mas eu não vou abandonar, é um clássico da literatura francesa e o Flaubert quase foi preso pela publicação do livro. Tem que valer a pena. Espero.
7- 80 Anos de Poesia - Mario Quintana
Comecei a ler assim que terminei de ler a Antologia Poética do Vinícius de Moraes. Preciso dizer que me decepcionei. Talvez por ter acabado de ler algo tão incrível e sensacional como a Antologia do Vinícius eu estivesse esperando demais. Não desmereço Mario Quintana, - muito pelo contrário, ele é um poeta brilhante! - mas eu estava absurdamente ligada aos poemas de Vinícius de Moraes que não me dei conta que nem todos tem o requinte e a simplicidade juntos ao escrever. É ótimo, chorei em um poema dele sobre as flores, Mario foi um poeta sensível e amado, mas digno de 4 estrelas.
8- Laços de Família - Clarice Lispector
É um livro com treze contos. No começo, imaginei que fossem apenas contos familiares, jorrando histórias pessoais e coisa e tal. É claro que Clarice me surpreendeu e, mais uma vez, me emocionou. Em um dos contos, trata da beleza como algo palpável e, em questão de segundos, mudou minha percepção das flores. Ando tão apaixonada por elas que, de quando em quando, me sinto uma personagem de um conto Lispectoriano admirando a beleza da natureza. São contos incríveis e até engraçadinhos, dignos de 4,5 estrelas.
9- Ciclo da Lua - César Magalhães Borges
É um livro poético! Mas são poemas tão fofinhos e bonitinhos que me senti mergulhando num livro infantil. É curto, preenchido com poeminhas tão curtos quanto. O conteúdo não é pra tanta fofura, mas achei encantador. Dei três estrelas.
10- A Hora da Estrela - Clarice Lispector
Sim, eu sei, li muitos livros da Clarice. Eu também acho, mas, depois do primeiro, você não para mais. A Hora da Estrela é um dos - se não o mais - livros mais conhecidos da escritora. Até gerou um filme brasileiro com um elenco muito bom pro tempo que foi lançado (Fernanda Montenegro e seus parceiros de época).
Macabéa é uma nordestina feia, magricela, esquisita e que só vê a vida por um ponto de vista. Não por ser quadrada, simplesmente por não saber ver de outra forma. Trabalha no mesmo lugar desde sempre, mantém os mesmos hábitos e, quando muito, lambuza-se de batom vermelho e dança sozinha pelo quarto. Clarice já estava velhinha quando publicou, então há momentos em que ela diz que os personagens a cansam e estende a introdução de tal forma que muitos abandonam o livro mesmo antes de começá-lo. Eu me apaixonei pelo jeito recatado e sou-feliz-pois-não-sei-não-ser de Macabéa. Vale as 5 estrelas que dei e mais algumas.
11- Para Gostar de Ler, Volume 1 - Carlos Drummond de Andrade; Fernando Sabino; Paulo Mendes Campos; Rubem Braga
Escrito por contistas, escritores e jornalistas, Para Gostar de Ler é um livro de crônicas. É quase um livro infantil. Tão gostoso de ler quanto ler uma coluna de jornal. Com histórias cotidianas sobre crianças, animais, família, lojas, roubos, política; li tudo em uma tarde, quatro xícaras de café e até gargalhei com algumas delas. Vale super a pena e é uma delícia. Realmente, até quem não gosta de ler, adoraria ler Para Gostar de Ler.
12- Contos Consagrados - Machado de Assis
Machado de Assis é um escritor fantástico - adjetivo que não posso dar a esse livro. Apesar de estar recheado de boas ideias muitíssimo bem elaboradas, Contos Consagrados não é lá o melhor livro que Machado escreveu. Os contos não prendem o leitor como acontece em Memórias Póstumas de Brás Cubas e, por muitas vezes, tive vontade de fechar o livro e ir tomar um café ou qualquer coisa assim. Alguns contos são bons, outros são apenas contos. Dei três estrelas.
Ufa! Li bastante esse ano e pretendo ler ainda mais. Peguei emprestado com a minha tia nove livros do mesmo estilo, entre eles, Romeu e Julieta para reler. Fora alguns colunistas como Eliane Brum, o Paulo Coelho e o Infame Lúdico (que é de quadrinhos) que acompanho, também.
Meu 2012 tá uma delícia!